Os grupos de comercialização de etanol na região centrosul do Brasil: uma análise das governanças em rede no elo indústria-distribuição

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/12/2011

RESUMO

O etanol tem papel de destaque na matriz energética nacional, além de, recentemente, ter ocupado posto central nas discussões mundiais sobre combustíveis alternativos ao petróleo. No Brasil, o setor vem de um período de grandes transformações, proporcionadas pela desregulamentação em fins da década de 1990. Essas transformações impactaram nas formas com que são realizadas as transações entre indústrias produtoras de etanol e distribuidoras de combustíveis, sendo que o período imediatamente após a desregulamentação foi marcado por disputas de preços entre esses agentes, com resultado extremamente favorável às distribuidoras. Um dos efeitos da desregulamentação foi a consolidação da estratégia, adotada pelas usinas, de formação de grupos de comercialização. A associação horizontal de empresas, com certo grau de articulação e uso compartilhado de serviços e informações, fornece indícios da existência de redes para governança dessas transações entre usinas de etanol e distribuidoras de combustíveis. Porém, problemas de coordenação continuam a existir, o que pode reduzir a coesão e o poder de barganha da indústria nas transações com as distribuidoras. Diante deste cenário, a tese tem como objetivo geral mostrar os modos de organização dos grupos de comercialização de etanol e seus respectivos mecanismos de governança construídos para melhorar as condições de barganha diante das distribuidoras. Para analisar se, de fato, os grupos de comercialização constituem-se em uma estrutura de governança em rede, utiliza-se, sobretudo, o aporte teórico de Economia Industrial, Economia dos Custos de Transação e Redes. Neste último, aborda-se especialmente o conceito de coesão. Como método de pesquisa, faz-se uso de uma pesquisa inicial exploratória e qualitativa, seguida por um estudo de casos múltiplos, em que são analisadas as relações entre usinas, grupos de comercialização e distribuidoras. Constatou-se que os grupos de comercialização caracterizam governança em rede nas transações entre usinas e distribuidoras, sendo capazes de equilibrar o jogo de forças com a distribuição. Grupos com diferentes constituições jurídicas e formas de organização fazem com que haja uma governança em rede multifacetada. Isso se reflete, também, nos fatores relevantes para a coesão, que vão de valores compartilhados e porte equivalente de empresas até reputação e poder dos membros. Observou-se, por fim, que embora existam comportamentos oportunistas de alguns atores, com prejuízos à coesão, a maior parte dos associados é comprometida com os grupos, ilustrado pela atitude positiva diante do grupo e pelo desejo de fortalecimento da relação.

ASSUNTO(S)

engenharia de produção redes de empresas estruturas de governança coesão engenharia de producao network of companies governance of transactions sugar and ethanol industry trading groups cohesion setor sucroalcooleiro grupos de comercialização

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