Os efeitos da reorganização do ensino fundamental em São Paulo no trabalho docente e nas estratégias familiares (1995-1998)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

No ano de 1995 têm início o processo de reforma do sistema educacional do estado de São Paulo, na gestão do Governador Mário Covas, que foi denominada Reorganização da Rede Estadual de Ensino. As profundas mudanças na rede estadual de ensino tem como centro: a racionalização dos recursos, a descentralização e a desconcentração. Uma das principais características deste projeto é a separação entre 1 a 4 séries e 5 a 8 séries, separando assim crianças e adolescentes. Este trabalho pretendeu analisar os efeitos da reorganização quanto às condições de trabalho dos professores e aos impactos causados nas famílias dos estudantes atingidos por ela. As informações colhidas nas entrevistas e nos documentos permitiu constatar que a política da reorganização da rede estadual de ensino provocou mudanças significativas nas condições de trabalho dos professores e nas estratégias das famílias em relação ao envio às escolas e a continuidade dos estudos das crianças e adolescentes. A pesquisa constatou a deterioração do trabalho docente devido ao fechamento de escolas, salas de aula e períodos, diminuição da carga horária das disciplinas, o que gerou aumento de turmas para que estes professores possam completar sua carga horária, em muitos casos duplicando o número de turmas e, portanto, o número de alunos. Este aumento no número de alunos multiplica o trabalho docente pois os professores têm um maior número de provas e trabalhos para corrigir. O trabalho pedagógico também foi afetado, pois a superlotação das salas de aula dificulta o acompanhamento do processo do ensino-aprendizagem dos alunos, inclusive no diagnóstico daqueles alunos com maiores dificuldades. Para as famílias, a separação das escolas de 1 a 4 séries e de 5 a 8 séries e/ou de 5 a 8 séries e de ensino médio, aumentou a distância entre as unidades escolares e as residências, dificultando o acesso das crianças e adolescentes às escolas. Este é um fator que tem contribuído para expor ainda mais os alunos à violência urbana (assaltos, roubos, tráfico de drogas, etc.), como também a perigos antes desconhecidos, por exemplo, atravessar ruas e avenidas perigosas e até linhas de trem

ASSUNTO(S)

políticas públicas sistema educacional reforma do ensino - são paulo (estado) ensino fundamental - são paulo (estado) política educacional ciencias sociais aplicadas

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