Os deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Esta tese trata das relações entre as mulheres, a feminilidade e a posição feminina, partindo do pressuposto de que esta relação foi constituída desde o final do século XVIII até meados do XIX, em função das necessidades da família nuclear burguesa, então emergente e sustentáculo da nova ordem social. A feminilidade é analisada aqui como uma produção discursiva, de autoria basicamente masculina, da qual as mulheres participam ativamente, mas não sem sofrimento. Na grande literatura do século XIX, o romance de Flaubert, Madame Bovary, traz à luz todo o conflito entre as mulheres, a feminilidade e a posição feminina na personagem de Emma, esposa de um médico de província dotada de uma rica imaginação alimentada pela literatura, tentando fazer sua passagem para a modemidade e "tomar-se outra". Na psicanálise, diríamos que esta passagem se dá desde uma posição de objeto (do desejo, do discurso) para uma posição de sujeito. Na clínica de Freud, as histéricas inauguraram o século da psicanálise tentando dar voz a anseios e insatisfações que não se inscreviam, à época, no discurso do Outro. Ao tentar curar o sofrimento das mulheres indicando-lhes o caminho de volta a uma feminilidade de onde elas vinham tentando se emancipar, a clínica freudiana, até os nossos dias, quando pensa estar produzindo a "verdade" da mulher, corre o risco de continuar produzindo a histeria

ASSUNTO(S)

psicologia sexualidade mulheres -- condicoes sociais feminilidade (psicologia) flaubert, gustave 1821-1880 -- critica e interpretacao posicao feminina subjetivacao psicanalise

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