Os critérios especiais de pontuação MELD proporcionam uma enorme vantagem a pacientes listados para transplante de fígado no Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-09

RESUMO

RESUMO CONTEXTO: É possível que política atual de inclusão no transplante de fígado (LT) esteja colocando os pacientes cirróticos sem pontos de exceção MELD (CIR) em uma posição desvantajosa se comparados aos pacientes listados com escores de critério especial MELD - pacientes com carcinoma hepatocelular (HCC) ou outras condições especiais (SPE). As taxas de transplante, exclusão e mortalidade de lista de espera de candidatos com CIR, HCC e SPE foram comparadas. OBJETIVO: O objetivo deste estudo é comparar a taxa de listagem e também a velocidade de listagem de pacientes listados pelas três possíveis categorias de listagem no Brasil (HCC, SPE e CIR). Há muito poucos estudos prévios comparando os desfechos de pacientes listados por SPE ao desfecho de pacientes com HCC e também ao desfecho de pacientes não priorizados (CIR). Em muitos países, pacientes listados para transplante de fígado com SPE são priorizados para transplante em um modo similar ao que ocorre com pacientes com HCC. MÉTODOS: Foram avaliadas duas coortes de pacientes listados para LT em uma única instituição. A primeira coorte (C1, n=180) incluiu todos os pacientes listados em 1º de agosto de 2008 e todos os pacientes adicionais listados dessa data até 31 de julho de 2009. A segunda coorte (C2, n=109) incluiu todos os pacientes presentes na LT em 1º de outubro de 2012 e todos os pacientes listados dessa data até maio de 2014. RESULTADOS: Em ambas as coortes, os pacientes com CHC tiveram uma chance maior de receber uma LT do que os pacientes com CIR (C1HR =2,05, CI95% =1,54-2,72, P<0,0001; C2HR =3,17, CI95% =1,83-5,52, P<0,0001). Para C1, a mortalidade na lista de espera em um ano foi de 21,6% (30,0% para CIR vs 9,5% para HCC vs 7,1% para SPE) (P<0,001). Para C2, a mortalidade na lista de espera em um ano foi de 13,3% (25,7% para CIR, 8,3% para HCC e 4,0% para SPE) (P<0,001). A sobrevida pós-transplante foi semelhante entre os três grupos. CONCLUSÃO: Comparados aos pacientes CIR, os pacientes SPE e HCC, apresentaram menor mortalidade na lista de espera. Os pacientes com CIR tiveram a maior mortalidade na lista de espera e a menor probabilidade de LT. O atual sistema de alocação de LT não permite alocação equitativa de órgãos.

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