Os afectos mal-ditos: o indizível das sexualidades camponesas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Grande parte da literatura sobre sociedades camponesas no Brasil, o que conceituo como Texto Brasileiro sobre o Rural (TB), está ancorada em um imaginário instituído, limitado, sobre o corpo do homem do campo. Cria-se, neste sentido, uma identidade cultural reacionária e fechada sobre si mesma, em que os mesmos falam as mesmas Coisas para os mesmos. Naturalizações e definições do que é o desejo, sempre ligado à reprodução da espécie, institui no corpo do camponês um corpo-mais-valia, um corpo-mutilado, um corpo-funcional, um corpo-bíblico, via uma literatura que, curiosamente, organiza, simplifica e seleciona discursos que desembocam em um persistente retorno ao Mesmo. Um Corpus Academicus seletivo, fechado, sem dar espaço para o Diverso, para o novo. Homens, mulheres e crianças camponeses passivos, omissos, cabendo, muitas vezes, em uma única página, peças de um jogo discursivo que exclui outros modos de vida, outros encontros, outros afectos. O camponês inventado, instituído, passa a ser interpretado, um objeto de estudo as if, apenas bom para pensar. Inicia-se assim uma vontade de saber sobre o Outro-camponês, em que as sexualidades, os processos de subjetivações, as micropolíticas do cotidiano são devidamente traçados, filtrados, sob a égide de um silenciamento, no mínimo instigante, no que concerne ao corpo e suas paixões. A intenção deste trabalho, portanto, é dar Adeus a este corpo camponês, casto e castrado, pois, doravante, que seja a ele permitido gozar.

ASSUNTO(S)

body anthropology antropologia do corpo antropologia filosófica rural anthropology philosophic anthropology antropologia rural antropologia rural

Documentos Relacionados