Organizações Patológicas e Equilíbrio Psíquico em Pacientes Diabéticos Tipo 2 / Pathological Organizations and Psychological Balance in Patients with Type II Diabetes

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Através da prática clínica, notamos em alguns pacientes diabéticos uma resistência paralisadora crônica que impede o tratamento. Eles parecem não se darem conta do que se passa com eles e vivem como se o não tratamento fosse algo bom. Sentem-se protegidos e têm a convicção de que nada irá acontecer-lhes. Eles garantem que não sentem nada, nenhum sinal de complicação aguda ou crônica. Pensamos que esta proteção perversa pode ser compreendida a partir do estudo das organizações patológicas. Elas oferecem grande resistência a mudanças e a experiências de dependência de objeto. Os objetivos desta pesquisa foram: (1) avaliar o grau de eficácia adaptativa e os episódios de crise; (2) avaliar a dinâmica emocional e o equilíbrio adaptativo do ego, visando a compreensão do sistema tensional inconsciente principal, que pode identificar, ou não, a presença das organizações patológicas; (3) correlacionar o grau de eficácia adaptativa com a presença ou não das organizações patológicas; (4) correlacionar o grau de equilíbrio adaptativo do ego com a intensidade da ação das organizações patológicas e (5) correlacionar a qualidade do controle glicêmico com a presença ou não das organizações patológicas. Os instrumentos utilizados foram a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada - EDAO e O Teste das Relações Objetais de Phillipson - TRO. O controle da glicemia foi determinado através de exames de laboratório. Foram sujeitos desta pesquisa 30 pacientes diabéticos do tipo 2, amostra representativa e imparcial de uma população de 113 pacientes diabéticos atendidos no primeiro semestre de 1999 na Liga dos estudantes para o atendimento do pacientes diabético - LIGA, do Centro de Diabetes da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Os sujeitos, de ambos os sexos, tinham idade entre 44 e 62 anos e foram divididos em dois grupos. O grupo I era formado por 15 pacientes com bom controle glicêmico e o grupo II, por 15 pacientes com mau controle. Os dois grupos foram controlados por seis meses, durante os quais as recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD(1999) foram utilizadas para determinar a qualidade do controle glicêmico. A partir deste critério os grupos foram definidos. Os pacientes com glicose plasmática de jejum (GJ) <126 mg/dl e Glicose Casual (GC) <200 mg/dl foram considerados de bom controle e formaram o Grupo I. Acima ou igual a estes valores, Grupo II, de mau controle. Os resultados mostraram que existe forte correlação entre a eficácia adaptativa e o equilíbrio interno do ego com a qualidade do controle glicêmico. Assim, quanto melhor o nível da adaptação, melhor o controle glicêmico. Da mesma forma, quando as relações de objeto tendem à adaptação ou são positivas, melhor o controle glicêmico. Quanto à presença das organizações patológicas, a análise através da EDAO e do TRO mostrou que no Grupo I, de bom controle, não foi observada a presença destas organizações. Estes pacientes apresentavam respostas que, cumulativamente, geravam a melhora ou manutenção da eficácia adaptativa. O equilíbrio do mundo interno gerava a possibilidade de adaptação às situações. No Grupo II, de mau controle, pôde-se observar a presença e a intensidade das organizações patológicas. Estes pacientes apresentavam respostas que impediam qualquer tipo de progresso, reduzindo de forma significativa a eficácia adaptativa. No TRO, da mesma forma, observou-se no Grupo II a imobilização ou paralisação frente às situações, fenômeno característico das organizações patológicas.

ASSUNTO(S)

adaptive operational diagnostic scale defense mecanisms diabetes diabetes escala diagnóstica adaptativa operacionalizada mecanismos de defesa object relations phillipson object relations test psicanálise psychoanalysis relações de objeto teste de relações objetais de phillipson

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