Ontem e hoje no salto da onça : a reconstrução do trabalho quando no tempo livre

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1987

RESUMO

O presente trabalho, abordando as relações entre memória social e a reorganização da apropriação do trabalho no período de 60 a 80, marcado por projetos desenvolvimentistas no agreste do Rio Grande do Norte, buscou a compreensão da presença dos trabalhadores na história, mas principalmente sua própria visão dessa história. A opção por histórias de vidas se deveu ao fato de que, sendo uma das fontes da história de grupos sociais excluídos da história documentada, também por se constituir por um grupo, permitiu que esse mesmo se percebesse historicamente em seus próprios relatos. O grupo com que trabalhamos foi formado por 15 pessoas, antigos trabalhadores rurais, moradores da região há pelo menos 50 anos e todos com mais de 60 anos de idade. O sentido de rememorar dado pelo grupo permitiu que os fatos relevantes desse período fossem reconstruídos e que essas imagens do passado, espelhando as condições de vida e de trabalho do represente também contribuíssem para melhor entender as ações do presente, determinantes para a visao de classe do grupo em relação à sua própria história. A reconstrução desse período exigiu um retrospecto histórico dos programas eprojetos, especialmente do CRUTAC, ligado à Universidade, e das posturas desenvolvimentistas vigentes na época, principalmente em relação ao Nordeste Brasileiro. Se a memória coletiva desses trabalhadores, em suas articulações, traçou marcos divisórios sobre oprocesso histórico, a partir do que considerava seu espaço social, é a sua situação de classe que explicou essa divisão: a cidade como era e como é, seus costumes, sua educação, sua saúde dentro de um tempo que correspondeu à sua saída do sítio para a cidade, da fartura para o dinheiro que não dava para a feira. Ultrapassando os limites desses marcos divisórios, se percebiam por sua situação de classe, nos trabalhadores mais antigos, identificando-se com eles na escravidão que perdurava e no sofrimento de ter a força física de seu trabalho explorado ao máximo. O conjunto de valores e de representações que construíam em seus relatos, principalmente de festas, se referia à perda da reprodução de um modelo de organização social, onde o sentido era dado pela referência, a terra, como possibilidade de sobrevivência

ASSUNTO(S)

trabalho antropologia social tempo - administração

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