Onde está minha moldura?: reflexões winncottianas sobre a tendência antissocial em crianças

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Esta Dissertação de Mestrado consiste num estudo qualitativo, de natureza clínicointerpretativa, realizado a partir de uma posição hermenêutica de investigação, cujo objetivo geral foi analisar a demanda de crianças que desenvolvem tendências antissociais no seu processo de estruturação psíquica. Para tanto, de forma mais específica, foi discutido o papel da estrutura familiar, as especificidades dos diferentes tipos de manifestação da tendência e a função de instituições no processo de intervenção junto a crianças que praticam atos antissociais. A metodologia adotada foi o procedimento de desenhos-estória, composto de cinco sessões de produção de desenho livre, contação de estória, inquérito e atribuição de título, realizado por sete crianças com idades entre seis e onze anos, todas apresentando estrutura familiar preservada, sem vivência de rua e assistidas pelo Centro de Desenvolvimento Integral da Amizade (CDI), obra social sem fins lucrativos, situada no bairro de Santo Amaro, em Recife-PE. O material produzido por duas das crianças participantes, levando-se em consideração também a história de vida delas, foi analisado a partir de teorizações de Donald Woods Winnicott, psicanalista inglês, acerca da tendência antissocial, temática central deste estudo. Trata-se da ocorrência de uma perda significativa, uma deprivação vivenciada pela criança, que teve algo de positivo e proveitoso em sua experiência prévia com o ambiente, inicialmente representado pela mãe. Devido a uma falha superior ao tempo em que a memória da experiência satisfatória pôde ser mantida, a criança experimenta um sentimento de decepção e passa a cobrar do ambiente o que este lhe deve, querendo reaver, inconscientemente, a mãe suficientemente boa que um dia tivera. A análise realizada evidenciou a existência de uma demanda de amor, um desejo inconsciente de mudança por parte das crianças investigadas, que desestruturam o ambiente em que vivem com vias a reverter aquilo que lhes falta. Levando-se em conta tratar-se de crianças provenientes de família desassistidas, mais que desestruturadas, que vivem em uma comunidade de condições precárias, aponta-se a instituição como via de possibilidade de restituição das condições anteriormente vividas por essas crianças, (re)construindo a moldura que lhes daria sustentação para seguirem seu percurso de amadurecimento em direção à realização do desenvolvimento saudável

ASSUNTO(S)

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