Ocorrência e suscetibilidade antimicrobiana de Campylobacter spp. em cães, gatos, crianças e sua importância zoonótica

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/09/2011

RESUMO

As espécies de Campylobacter são os agentes etiológicos mais incriminados nos casos de gastroenterite humana. A principal forma de infecção dos humanos é o consumo de alimentos de origem animal e água contaminada, porém, estudos são necessários para o melhor entendimento da epidemiologia e dos fatores risco para a infecção de humanos e animais por estes microrganismos. Foram coletadas e analisadas para a presença de Campylobacter spp., amostras de fezes de 160 crianças de até cinco anos e 120 amostras de pets (103 cães e 17 gatos) atendidos no Hospital de Clínicas e Hospital Veterinário, respectivamente, da Universidade Federal de Uberlândia. A positividade foi de 6,87% entre as amostras humanas e 18,3% entre as amostras de animais, com 100% de concordância entre os resultados obtidos pelo método fenotípico e genotípico. Das 33 amostras de fezes positivas para Campylobacter spp., 57,6% foram identificadas como C. jejuni (15 de caninos e quatro de crianças), 33,4% como C. coli (quatro de caninos, duas de felinos e cinco de crianças) e 9% como Campylobacter gracilis (um cão e duas crianças). O biótipo mais prevalente foi o C. jejuni biótipo I, com 13 isolados, seguido pela C. coli biótipo I com 11 isolados. Houve resistência de mais de 50% das cepas isoladas de cães ao ceftiofur, sulfazotrim, norfloxacina e tetraciclina. Dentre as cepas isoladas de humanos destacaram-se as resistências à amoxicilina, cefazolina, ceftiofur, eritromicina e norfloxacina. Não houve diferenças ao perfil de resistência entre as espécies C. coli e C. jejuni (p>0,05). Técnica de PCR demonstrou que entre as 19 cepas de C. jejuni isoladas, 12 apresentavam dois a quatro dos genes de virulência flaA, pdlA, cadF ou ciaB. Entre as cepas isoladas de caninos, uma apresentou os quatro genes simultaneamente, duas possuíam três genes e duas um gene, as demais possuíam dois genes. Dentre as cepas isoladas de fezes humanas todas apresentaram os genes flaA e cadF e somente uma amostra tinha o gene pdlA e duas o gene ciaB. Todas as cepas que apresentaram os genes de virulência foram isoladas de fezes de animais ou crianças com diarréia. Foi observado nas amostras isoladas de cães e gatos um alto índice de resistência ao sulfazotrim, com valores de 66,7% e 100% respectivamente. Nas amostras isoladas das crianças os valores de resistência mais preocupantes foram encontrados para a eritromicina e norfloxacina. Estes dados demonstram a necessidade de monitoramento quanto o uso desses antimicrobianos já que eles são a droga de eleição para tratamento das gastrenterites em animais e da campilobacteriose em humanos, respectivamente. A associação de fatores de risco e infecção por Campylobacter spp. em crianças demonstrou: aumento da probabilidade de 3,57 vezes de ter diarréia, 0,49 vezes mais chances quando em contato com pets e 1,4 vezes mais provável quando em antibioticoterapia, porém, todos sem significância estatística (p>0,05). Quando as mesmas associações foram realizadas para caninos, as probabilidades aumentaram 7,38 vezes para a presença de diarréia e 57,41 mais chances quando em uso de antibióticos (p<0,05). A presença dos quatro genes de virulência nas cepas isoladas de cães aumentou em 11,36 vezes a probabilidade de o animal ter diarréia (p<0,05). Apesar de não ter havido neste estudo uma associação positiva entre o convívio com pets e a infecção de crianças por Campylobacter spp. novas investigações mais abrangentes devem ser realizadas, assim como, deve-se estabelecer a relação epidemiológica por métodos moleculares entre cepas isoladas de infecções humanas e animais.

ASSUNTO(S)

pets infecção epidemiologia genes de virulência fatores de risco medicina veterinaria campylobacter epidemiologia veterinária infection epidemiology virulence genes risk factors

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