Ocorrencia de cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium spp. no rio Atibaia, bacia do rio Piracicaba, Campinas, São Paulo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Giardia spp. e Cryptosporidium spp. estão amplamente dispersos no ambiente aquático e foram responsáveis por diversos surtos de giardiose e criptosporidiose por veiculação hídrica em vários países. A presença destes patógenos em água utilizada para consumo humano é um fator de risco para aquisição destas parasitoses porque cistos e oocistos são resistentes aos processos de tratamento e às condições ambientais. Deste modo, a preocupação em relação à contaminação das fontes de água para uso humano por estes protozoários é crescente. No Brasil, há registros da ocorrência de ambos organismos em água superficial e subterrânea e em esgoto bruto e tratado. Atualmente, há uma recomendação oficial para a implantação da pesquisa de cistos e oocistos em água tratada. Assim, é necessário ter conhecimento sobre a freqüência e a distribuição destes parasitos nos mananciais. Os objetivos do presente estudo foram: i) verificar a ocorrência de cistos de Giardia e oocistos de Cryptosporidium em amostras de água bruta superficial do Rio Atibaia (Campinas, São Paulo) utilizando a técnica de filtração em membrana (47 mm diâmetro; 3 ?m de porosidade nominal); ii) avaliar a influência do desaguamento do Ribeirão Pinheiros na qualidade da água do Rio Atibaia mediante a comparação e a correlação entre parâmetros microbiológicos, físicos, pluviométricos e concentração de cistos e oocistos em dois pontos: à montante (A1) e à jusante (A2) do desaguamento do Ribeirão Pinheiros; e iii) verificar a ocorrência de variação sazonal destes protozoários na água superficial do Rio Atibaia. De março de 2002 a abril de 2003, 50 amostras de água foram analisadas. No ponto A1, cistos de Giardia foram detectados em 52,0% das amostras (concentração = 25,12 cistos/l), enquanto no ponto A2, a positividade foi de 76,0% (64,16 cistos/l). Oocistos de Cryptosporidium foram detectados somente no ponto A2, em 0,04% das amostras (0,8 oocistos/l). Houve diferença significativa na concentração de cistos entre os pontos A1 e A2 (p = 0,011) e correlação entre a pluviosidade e os parâmetros: concentração de cistos de Giardia (r = 0,611); coliformes totais (r = 0,467) e fecais (r = 0,467) no ponto A2. Em ambos os pontos, não foi encontrada correlação entre concentração de cistos de Giardia e as variáveis: coliformes totais (A1: r = -0,276; A2; r = -0,201), fecais (A1: r = -0,187; A2: r = -0,201) e turbidez (A1: r = -0,252; A2: r = -0,055). Dentre estes parâmetros, apenas a turbidez teve variação entre verão/inverno e verão/outono (p = 0,06). A técnica de filtração em membrana apresentou uma eficiência de recuperação de 72,2% para cistos de Giardia e de 65,1% para oocistos de Cryptosporidium. Os resultados obtidos neste estudo são relevantes porque o Rio Atibaia é o manancial que abastece a cidade de Campinas e outros municípios da região e o conhecimento da epidemiologia ambiental destes protozoários é importante do ponto de vista da Saúde Pública e também das companhias de tratamento de água

ASSUNTO(S)

cryptosporidium atibaia river giardia cryptosporidium

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