Observations on the social grammar of Pierre Bourdieu. / Observações sobre a gramática do social em Pierre Bourdieu.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A gramática do social, instituída nos discursos de Pierre Bourdieu, conforma o objeto da tese ora apresentada. Com o propósito de refletir sobre os fundamentos da arquitetura teórica do sociólogo francês, os pressupostos da gramática de jogos de linguagem, elaborada por Ludwig Wittgenstein, foram constituídos em instrumentos de investigação. Para tanto, são apresentadas inicialmente, algumas das principais construções de Bourdieu sobre a ciência, mais especificamente, os princípios de seu racionalismo aplicado e as constatações relativas às características do campo científico, estes delineando um panorama de seu pensamento que está presente nas observações sobre sua linguagem. A apresentação da gramática de jogos de linguagem, por sua vez, inclui alguns dos argumentos que constam em Investigações Filosóficas e Da certeza, e que, essencialmente, sustentam a autonomia da linguagem na constituição do sentido. Em outras palavras, nos termos do filósofo austríaco, as práticas linguísticas estabelecidas por formas de vida instituem o sentido que, deste modo, apenas pode ser desvelado na dependência dos esclarecimentos relativos aos usos de palavras e enunciados de uma linguagem. Desta perspectiva, conhecer o funcionamento da linguagem de Bourdieu tornou-se condição para desvelar o sentido de suas constatações sociológicas, por permitir o reconhecimento das regras determinadas pelas aplicações de palavras e proposições em seus discursos, estes destinados à descrição do objeto/conceito social. O que orientou as observações sobre a referida linguagem sociológica, mais precisamente, relativas às técnicas ou recursos linguísticos mobilizados para a descrição do social nas obras selecionadas. Assim, a atenção dirigiu-se aos usos de palavras que instituem as peculiaridades do modo de representação do social de Bourdieu, tendo como referência as noções de paradigma, imagem e aspecto, a exemplo dos usos de conceitos como espaço, estrutura, sistema, além de termos mais característicos, como campo, habitus e capital. A reflexão estende-se, mais propriamente, em relação aos fundamentos da sociologia bourdieuniana, com base na concepção de proposições gramaticais, conduzindo a questões sobre a possibilidade de reconhecer fronteiras entre o empírico e o gramatical em seus discursos. Portanto, este exercício de observação, assentado em tais pressupostos, permitiu uma reflexão sobre possibilidades e limites implicados no esforço para reconhecer os fins de sua justificação ou as bases inamovíveis do jogo de linguagem bourdieuniano, abrigado pelas formas de vida associadas às ciências sociais. Proximidades e distinções entre o ponto de vista sócioepistemológico de Bourdieu e a perspectiva da autonomia da linguagem sustentada por Wittgenstein, também, integram esta elaboração, como objeto das digressões que apresentam uma teia de questões e tensões relativas ao encontro das certezas sócio-históricas de Bourdieu com as razões wittgensteinianas sobre as contingências inerentes à linguagem. Este exercício, portanto, não se volta ao social como fenômeno do mundo, e sim sobre a constituição do fenômeno social pela gramática do objeto/conceito/prova designado pela palavra social, na gramática instituída por práticas linguísticas de Pierre Bourdieu.

ASSUNTO(S)

gramática wittgenstein grammar social social wittgenstein jogos de linguagem bourdieu ciencias humanas bourdieu language games

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