O vivido pelos pais durante a internação do filho acidentado em uma UTI pediátrica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A experiência com pais de crianças e adolescentes acidentados, internados em uma Unidade de Terapia Intensiva, suscitou a realização deste trabalho. Para compreender a vivência deles com esta situação, utilizei a pesquisa qualitativa, numa abordagem fenomenológica. A fenomenologia, enquanto recurso metodológico, possibilitou-me apreender a essência do vivido pelos pais que acompanhavam seus filhos na UTI pediátrica do Hospital João XXIII da cidade de Belo Horizonte/MG. Foram realizadas 12 entrevistas abertas, no período de maio a julho de 2005, com as seguintes questões norteadoras: Como é, para você, estar acompanhando seu filho aqui na UTI pediátrica? O que é, para você, ter um filho acidentado? Os discursos, analisados sob a ótica da análise compreensiva, sugerida por Martins e Bicudo (1989) e Martins et al. (1990), possibilitaram a construção de 22 unidades temáticas, que convergiram para quatro categorias de análise: Ter um filho acidentado: o inesperado para os pais; Conviver com o filho acidentado: sentimentos que afloram; Acompanhar o filho na UTI: situação difícil; Fé, esperança: o impulso da vida. Esse momento na vida dos pais é permeado pela surpresa, pela perplexidade, por vivenciarem um evento que não imaginavam que aconteceria com eles. Inicialmente, o acidente; logo em seguida, a internação do filho em um local que popularmente é tido como amedrontador, complexo, destinado a pessoas sem chances de sobrevivência. Estar com o filho acidentado na UTI pediátrica causa-lhes medo, angústia e insegurança. Ver o sofrimento do filho é sofrer junto. É um momento de suspensão, de repensar a vida, prevalecendo, acima de tudo, a fé e a esperança na recuperação do filho. Este trabalho sinaliza a necessidade de os pais perceberem-se como sujeitos ativos no cuidado do filho, devendo também merecer cuidados pela equipe de saúde da UTI. É de extrema importância que os pais sejam educados para ensinarem a seus filhos os riscos do ambiente que os envolve e saber como evitá-los, o mais precocemente possível. Os achados deste estudo preenchem uma lacuna no conhecimento em saúde acerca da percepção dos pais no caso de terem um filho acidentado e internado em UTI. Ao mesmo tempo, suscita outras investigações, já que o fenômeno não se esgota em si mesmo; pelo contrário, está sempre aberto a novas perspectivas de estudo.

ASSUNTO(S)

existencialismo decs enfermagem teses acidentes/psicologia decs unidades de terapia intensiva pediátrica decs pais/psicologia decs percepção decs

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