O viver com AIDS depois dos 50 anos e sua relação com a qualidade de vida

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A AIDS na maturidade e velhice apresenta características específicas por trata-se de indivíduo com outras patologias associadas, próprias da velhice, que mascaram os sintomas da AIDS, ocasionando, em alguns casos, diagnóstico incerto ou inconclusivo. O interesse pela Qualidade de Vida de pessoas acima de 50 anos HIV+ se faz necessário uma vez que esta questão perpassa por situações de discriminação, estigmatização e abandono, bem como produz impacto nas relações afetivas dessas pessoas. Objetivos: Este estudo teve por Objetivo Geral verificar a vivência da AIDS e sua relação com a QV de pessoas acima de 50 anos soropositivas para o HIV/AIDS, atendidas em um hospital de referência no atendimento e tratamento dessa patologia na cidade de João Pessoa-Pb. Método: Contou-se com a participação, de forma não probabilística e acidental, de 43 pessoas HIV+, com idades variando de 50 a 78 anos (M=55; DP=4,6), sendo a maioria do sexo masculino (62,8%). Além disso, para o procedimento de entrevista, participaram 10 pessoas HIV+. Ademais, para a comparação com índice de QV da população geral, solicitou-se, de forma nãoprobabilística e acidental, a participação de 43 pessoas, com idades variando de 50 a 87 anos (M=59; DP=8,6), sendo a maioria do sexo feminino (76,7%). Para a coleta dos dados, utilizaram-se os seguintes instrumentos: Questionário biodemográfico, Escala de Qualidade de Vida para a velhice (WHOQOL-OLD) e Entrevista. Para a análise dos dados do questionário biodemográfico e do WHOQOL-Old foram realizadas análises de estatística descritiva e multivariada, por meio do programa estatístico SPSS, versão 15.0. Já para a análise dos dados das entrevistas, utilizou-se a Análise de Discurso. Resultados: No Fator Geral da QV os participantes HIV+ apresentaram escore médio positivo de 55,3 (DP=14,6), demonstrando uma QV relativamente boa. Já os participantes da população geral apresentaram índice geral de QV de 59,3 (DP=17,1), maior que o nível dos participantes HIV+. Na avaliação por fatores, os resultados indicaram baixos níveis de QV nas facetas Morte e Morrer e Intimidade para os participantes HIV+ e baixo nível de QV dos participantes da população geral apenas no Fator Morte e Morrer. No tocante as variáveis bio-demográficas, foram identificadas diferenças, estatisticamente significativas (p<0,05) entre os grupos critérios dos participantes HIV+ em relação aos fatores: Autonomia, Atividades passadas, presentes e futuras, Morte e Morrer e Intimidade. Ademais, para os participantes HIV+, os resultados indicaram que quanto maior era nível de religiosidade melhor era a Qualidade de Vida deles. A partir da análise dos discursos dos participantes, emergiram duas classes temáticas, 13 categorias, e 21 sub-categorias, à saber: Classe Temática I Cotidiano com AIDS (categorias: Contágio, Diagnóstico, Percepção da AIDS, Relacionamento Afetivo-Sexual, Enfrentamento, AIDS na Velhice, Suporte, Preconceito, Trabalho e Perspectivas) e Classe Temática II Atendimento à AIDS na velhice (categorias: atendimento, tratamento e Prevenção). Conclusão: Embora a terapêutica atual tenha prolongado a vida das pessoas HIV+ e melhorado a vivência da sexualidade nessa fase da vida, observa-se, para esses participantes, que a AIDS continua sendo associada à morte e a todo o sofrimento que lhe é pertinente, bem como impondo limitações para a vivência de relacionamentos íntimos, o que pode afetar a QV dessa população.

ASSUNTO(S)

aids psicologia old age aids velhice maturity quality of life qualidade de vida maturidade

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