O uso de peixes em Ilhabela (São Paulo, Brasil): preferências, tabus alimentares e indicações medicinais

AUTOR(ES)
FONTE

Biota Neotropica

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012-03

RESUMO

Este trabalho foi realizado em três comunidades de pescadores artesanais de Ilhabela, localizadas no litoral norte do Estado de São Paulo, Brasil. O objetivo foi analisar as preferências, os tabus e as indicações medicinais dos peixes e, desta forma, representar as interações dos pescadores com os recursos pesqueiros, visando entender os aspectos biológicos e culturais envolvidos. A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas com o auxílio de questionários semi-estruturados. Foram entrevistadas 25 famílias, das 29 residentes nas três comunidades estudadas durante a coleta de dados, sendo que 5 delas foram realizadas na Praia do Jabaquara, 6 na Praia da Fome e 14 na Praia da Serraria. Foram citadas 18 consideradas preferidas para o consumo, 11 espécies consideradas como tabus, 5 espécies evitadas e 4 indicadas no caso de doenças. As famílias de pescadores preferem consumir peixes de escama e não consomem o baiacu, este último provavelmente devido a sua característica tóxica. Peixes como bonito, espada, cação, sororoca e cavala são evitados em casos como feridas, inflamações, gravidez e pós parto e outros como pirajica, marimba, anchova e garoupa são indicados como peixes medicinais nestas situações. Aspectos relativos ao consumo de pescado fazem parte do corpo de conhecimento dos pescadores e suas famílias e constituem um acervo rico de informações que somadas as informações biológicas são úteis para a conservação dos recursos pesqueiros. Dados como os apresentados nesse estudo, com relação ao uso de animais aquáticos para tratamento de doenças, podem servir de base para estudos futuros sobre substâncias que contenham elementos ativos na cura de doenças.

ASSUNTO(S)

uso de recursos pescadores artesanais biodiversidade etnoecologia ecologia humana

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