O uso da regeneração natural (floresta estacional semidecidual e talhões de eucalyptus) como estrategia de produção de mudas e resgate da diversidade vegetal na restauração florestal / The use of natural regeneration (seasonal semideciduous forest and eucalyptus plantations) as a strategy for production of seedlings and plant diversity improvement in ecological restoration programs

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As plântulas são fundamentais para a manutenção das populações arbustivo-arbóreas. Em regiões tropicais estão normalmente representadas por um elevado número de espécies e indivíduos, ocorrendo não apenas em formações florestais nativas, mas também em sistemas florestais, cujas práticas de manejo possibilitam sua presença, como cultivos de Eucalyptus spp.. Por outro lado, reflorestamentos com espécies nativas voltados a restauração ecológica, muitas vezes contam com poucas espécies e não atendem a critérios mínimos de diversidade, dentre outros aspectos, pela baixa disponibilidade de espécies nos viveiros de produção de mudas. Assim, o objetivo geral desse trabalho foi avaliar o potencial de uso da regeneração natural (plântulas arbustivo-arbóreas ? 30cm de altura) de remanescente de Floresta Estacional Semidecidual e de talhões de Eucalyptus spp, localizados em Bofete-SP, como estratégia de produção de mudas de espécies nativas e resgate da diversidade vegetal na restauração ecológica. No Capítulo 1, a avaliação da comunidade de plântulas na borda e no interior de remanescente florestal (10 parcelas de 4x4m em cada ambiente), indicou elevada diversidade. Além disto, as plântulas mostraram uma distribuição espacial agregada para a comunidade e para as principais espécies e uma correlação negativa entre densidade de indivíduos e altura. No interior e borda do remanescente foram encontradas, respectivamente, 118 espécies (243.625±142.945 indivíduos.ha-1) e 81 espécies (139.750±90.307 indivíduos.ha-1). Ambas as áreas contaram com várias espécies que são pouco comuns ou não utilizadas nos plantios de restauração ecológica. No Capítulo 2, o acompanhamento em remanescente florestal, de 80 parcelas (20 parcelas de 2x2m por tratamento) submetidas a diferentes tratamentos de retirada das plântulas (100% de retirada com e sem revolvimento posterior do solo, 50% de retirada sem revolvimento posterior do solo e testemunha sem retirada de plântulas), constatou uma marcada sazonalidade no recrutamento. Além disso, o revolvimento do solo não se mostrou como prática incrementadora da regeneração natural, provavelmente em função da cobertura vegetal da floresta estudada. Apesar das áreas submetidas à retirada de plântulas terem se mostrado capazes de auto-recuperação no tempo, o curto período de acompanhamento e a ocorrência de elevados níveis de recrutamento de pelo menos uma espécie (Protium spruceanum), dificultam a compreensão dos reais efeitos desta prática sobre a dinâmica de regeneração da floresta e demonstram a necessidade de novos estudos. No Capítulo 3, a avaliação da comunidade de plântulas (87 parcelas de 2x2m) sob plantios de Eucalyptus spp. encontrou 42 espécies e densidade média de 8.046 (± 2.295) indivíduos.ha-1, porém, com grande variação no número de indivíduos e espécies entre os talhões analisados. Em geral talhões com maior riqueza de espécies e densidade de regeneração natural ( 1,5m) foram também mais ricos e densos na comunidade de plântulas. No Capítulo 4 foi avaliada a sobrevivência em viveiro de plântulas transferidas do remanescente florestal (2.424 indivíduos, 110 espécies) e dos talhões de Eucalyptus spp. (280 indivíduos, 42 espécies). As taxas de sobrevivência foram respectivamente 69% e 66,8%, com grande variação entre as espécies; no entanto espécies pioneiras apresentaram taxa de sobrevivência significativamente maior que as não pioneiras. Muitas das espécies sobreviventes em viveiro não são encontradas nos viveiros florestais e certamente também estão ausentes nos plantios de restauração de áreas degradadas. Portanto, o aproveitamento da regeneração natural das áreas estudadas é uma estratégia complementar e viável de produção de mudas de espécies nativas, elevando a diversidade dos viveiros florestais. Sob os plantios florestais (áreas agrícolas, não protegidas pela legislação ambiental) o método pode ser utilizado, focado principalmente nas espécies que apresentam alta densidade na área, ou nas pouco comuns nos viveiros e plantios de restauração ecológica. Entretanto, em áreas naturais recomenda-se que a princípio este método seja executado apenas em situações que irreversivelmente envolverão a supressão da vegetação nativa, tais como autorizações para construção de estradas e hidrelétricas, atividades mineradoras, etc

ASSUNTO(S)

forests florestas - reprodução mudas seedlings reforestation reflorestamento

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