O trabalho na economia solidária: estudo de caso sobre a rotatividade em uma associação de reciclagem
AUTOR(ES)
Patricia Meireles Moises
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Esta dissertação analisa a rotatividade dos associados de um empreendimento econômico solidário do setor da reciclagem, a COMARP, em Belo Horizonte. A partir de observações de cunho ergonômico e de entrevistas semiestruturadas, consolida-se um estudo de caso que enfoca os fatores de permanência e de desligamento dos associados. O estudo constatou uma elevada rotatividade, relacionada à precariedade e fragilidade desse empreendimento, em virtude, dentre outros fatores, de sua posição desprivilegiada na cadeia produtiva da reciclagem. Os índices apurados foram da ordem de 38%, em 2006; 53%, em 2007; 47%, em 2008 e 29%, em 2009. Para a permanência, foram apontados como significativos os seguintes fatores: o desemprego, a necessidade de renda e a falta de opção; a melhoria das condições de trabalho possibilitada pelo trabalho associado; a proximidade do local de trabalho; a possibilidade de melhor rendimento oferecida pela atividade de reciclagem; o pagamento do INSS; o gostar do trabalho da reciclagem, percebido como mais autônomo, com menos cobranças e controles, realizado em ambiente agradável, marcado por relações afetivas e solidárias; a honestidade do trabalho; a contribuição do trabalho para a preservação ambiental, conferindo aos trabalhadores reconhecimento de sua profissão. Para o desligamento da associação contribuem, decisivamente: a baixa retirada; a exposição ao sol; o trabalho aos sábados; o contato com o lixo, que é percebido como desagradável e aviltante; o grande esforço físico requerido e o caráter penoso do trabalho; a necessidade de interrupção do trabalho das mulheres em função da maternidade, agravada pela escassez de serviços públicos de creches; a falta dos direitos trabalhistas; as regras, a centralização das decisões nas mãos da presidente e a baixa participação dos associados na gestão do empreendimento e os conflitos que daí advém; e, por fim, o trabalho por produção e a remuneração variável, que dificultam a construção de um projeto de vida a longo prazo.
ASSUNTO(S)
mobilidade de mão-de-obra teses economia solidária teses psicologia teses. reciclagem industria teses.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/TMCB-7X3MJ5Documentos Relacionados
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