O Trabalho e o labirinto da responsabilidade socioempresarial:a experiência da cidadania empresarial do Banco do Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/09/2011

RESUMO

Na crise sistêmica contemporânea, a política econômica é direcionada para corrigir as consequências do funcionamento deste metabolismo, porém dentro dos limites do capital. Nessa perspectiva, os tomadores de decisão propõem políticas comerciais, agrícolas e industriais a fim de garantir condições para o crescimento econômico. Todavia, tal como numa rua sem saída, constata-se a insuficiência do Estado em conferir efetividade para o funcionamento de todos os segmentos da economia, sobretudo, em face da limitação orçamentária. Os gestores públicos são forçados a buscar recursos externos, retomando o ciclo de submissão das políticas aos interesses da banca financeira internacional e de seus representantes, instalados nos chamados organismos multilaterais. O complexo ideológico do capital entra em ação na tentativa de convencer a sociedade que os caminhos tomados pelos governos são inevitáveis, e que o capitalismo pode ser ―humanizado‖, mesmo com a constatação das crescentes desigualdades historicamente causadas pelo irracionalismo do modo de produção do capital. Nesse sentido, emergem conceitos que tentam demonstrar a compatibilidade do sistema às reais necessidades humanas. Essa ofensiva ideológica tem por finalidade legitimar o capital. O chamado Terceiro Setor tem especial destaque junto com o conceito de responsabilidade social das empresas. Cria-se um ambiente político em que o inexorável mistura-se com as novas miragens proporcionadas e muitas vezes financiadas pelo metabolismo do capital, de modo a enquadrar as pessoas neste sistema que se pretende eternizado. Em tal contexto, as elites políticas, e considerável fração da academia, embarcam em ―ondas de otimismo capitalista‖, enquanto o sociometabolismo do capital expande seus limites históricos, acionando forças que postergam seu colapso, mas que causam sofrimentos humanos e desgastes ecológicos. Guerras são disseminadas para fortalecer a mortífera indústria bélica e a indústria automobilística; e devasta-se o meio ambiente, do qual depende o sistema do capital. Nesse cenário de desmonte, emergem proposições em torno de um ―novo pacto social‖ como forma de minimizar os efeitos perversos da dinâmica da reprodução do capital. A classe empresarial é convocada para exercer seu protagonismo pela via do discurso que apela para programas de responsabilidade social, para assim intervir de forma direta na chamada ―questão social‖. É justamente neste ponto que se inclui o cerne da presente investigação. Embora exista uma considerável produção acadêmica sobre o fenômeno da Responsabilidade Social e da Cidadania Empresarial, também existe uma evidente carência dessa abordagem, voltada para o segmento bancário no Brasil. A importância do capital rentista na apropriação crescente de parcelas da riqueza produzida pelo conjunto da sociedade brasileira, justifica uma investigação sociológica sobre os projetos de Responsabilidade Social no segmento financeiro nacional. Nesse sentido, optou-se por realizar uma abordagem da dinâmica da ―Cidadania Empresarial‖ no setor bancário, precisamente no Banco do Brasil. Como se trata de uma instituição-chave, a análise dos impactos dessa estratégia fetichista da reprodução capitalista, permite avaliar as consequências sociais da legitimação do capital rentista no Brasil. Nesse cenário de profusão do discurso da Responsabilidade Social, situa-se a progressiva precarização do trabalho neste segmento profissional no Brasil. Constata-se um desencontro dramático entre o discurso e a prática em virtude do aprofundamento da tendência à vulnerabilidade das condições laborais do trabalhador bancário brasileiro, desde os anos de 1990. No caso específico do Banco do Brasil, a primeira iniciativa da instituição foi se conformar aos postulados da ONU e do Instituto Ethos, objetivando alinhar suas políticas internas a essa nova estratégia de dominação do capital. O propósito é inserir o Banco na esfera ideológica da responsabilidade social das empresas, do mesmo modo como ocorreu com seus parceiros da concorrência intercapitalista privada financeira. Com efeito, no âmbito interno do Banco do Brasil, surge uma política voltada para adequar seus segmentos funcionais à doutrina da Responsabilidade Socioempresarial. Os conceitos da doutrina são apresentados como algo inexorável. Não há alternativas. O Banco do Brasil atua num mercado altamente competitivo; no segmento que caracteriza a dominância financeira da acumulação de capital na atualidade. Por este motivo não pode deixar de incorporar os avanços tecnológicos organizacionais. Para seus funcionários não há alternativas, a não ser adaptar-se ao conjunto de propostas deste novo ideário do metabolismo do capital

ASSUNTO(S)

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