O terceiro xadrez: como as empresas multinacionais negociam nas relações econômicas internacionais / The third chessboard: how the multinational companies negotiate in the iInternational economic relations

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O objetivo primário desta tese é identificar como as empresas multinacionais (EMNs) agem como negociadoras nas relações econômicas internacionais (REI). A hipótese geral a ser verificada é de que as EMNs buscam influenciar os Estados e suas coalizões utilizando-se de seu poder estrutural e de seu poder brando, nacional e transnacionalmente, de modo a afetar os interesses dos Estados e de suas coalizões. A efetividade da defesa de seus interesses depende, basicamente, da confluência dos interesses dos Estados e das empresas e da vulnerabilidade dos Estados em relação às atividades das empresas bem como a capacidade relativa das coalizões que as empresas buscam influenciar. Dentro desse contexto, na parte I deste trabalho, proponho uma breve discussão sobre o papel das EMNs nas Relações Econômicas Internacionais contemporâneas, identificando quatro grandes cortes teóricos: Marxismo, incluindo vertentes neo-marxistas como a Teoria da Dependência e o Sistema Mundial Moderno; Neo-Realismo, incluindo a Teoria da Estabilidade Hegemônica, o Neoliberalismo, incluindo a Interdependência Complexa e; a visão delineada por Susan Strange. Como conclusão desta discussão, justifico o meu corte teórico fundamentalmente ligado à interdependência complexa e ao xadrez de três níveis de Nye (Neoliberalismo), pelo seu desenho teórico que permite ver a ação das EMNs como independente e não submissa à ação dos Estados, ao mesmo tempo que aceita a centralidade da ação dos Estados na regulação do sistema econômico internacional. Em seguida, reconheço a limitação do poder de influência das EMNs através de uma extensão do modelo Frieden-Rogowsky, onde proponho que; (a) os setores prejudicados pelo processo de internacionalização tendem, tanto em nível nacional quanto em nível transnacional, a se opor a ações políticas das EMNs e; (b) regimes autoritários tendem a ser menos vulneráveis em relação à ação política das EMNs. Finalmente, na Parte II, realizamos dois estudos de caso relativos ao nosso modelo de negociações de empresas EMNs no contexto da política internacional: as negociações sobre o estabelecimento de um regime de propriedade intelectual no contexto da Rodada Uruguai do GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) e o Protocolo de Cartagena de Biosegurança , instrumento complementar à Convenção de Biodiversidade (CBD) que regulamenta os organismos geneticamente modificados (OGMs). Uma importante conclusão da tese é que a influência das EMNs nas negociações econômicas internacionais depende largamente das estruturas dos processos de negociação, onde fóruns multilaterais e multitemáticos tendem a favorecer a influência das EMNs em comparação a fóruns monotemáticos. Outra importante contribuição teórica foi explicar as circunstâncias em que as EMNs operam como negociadores das REI, através da influência, se utilizando de poder estrutural e brando, buscando formar coalizões transnacionais e buscando incentivar a formação de coalizões entre Estados que defendam os seus interesses em contextos intergovernamentais. Ou seja, este trabalho explica um pouco da dinâmica da relação do chamado terceiro xadrez (transnacioal) com o segundo xadrez (econômico) das relações internacionais.

ASSUNTO(S)

negociação multilateral international economic relations trips relações econômicas internacionais empresas multinacionais transgênicos multinational companies transgenics. trips multilateral negotiation

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