O silêncio das crianças: representações da infância na narrativa brasileira contemporânea

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A personagem infantil e a infância ocupam posição central na literatura. Idéia forjada no século XVIII, a infância se afigura como um importante tema para as mais diversas áreas de conhecimento: das ciências da saúde à filosofia. Na narrativa brasileira contemporânea, a infância é tema de diversos contos e romances. Este estudo visa a investigar qual é o papel da infância na narrativa brasileira contemporânea. Para tanto, foram selecionadas seis narrativas, publicadas no período que foi recortado para este estudo: de 1990 a 2004. Assim, foram escolhidos o conto "Éramos todos bandoleiros", de Nelson de Oliveira, e os romances Chove sobre minha infância, de Miguel Sanches Neto, Cidade de Deus, de Paulo Lins, Lembrancinha do Adeus - história[s] de um bandido, de Júlio Ludemir, O caderno rosa de Lori Lamby, de Hilda Hilst e O azul do filho morto, de Marcelo Mirisola. O estudo está divido em três capítulos, em cada um dos quais são analisadas duas narrativas. No capítulo "No jardim da casa abandonada", o conto de Oliveira e o romance de Sanches Neto são explorados a partir da nostalgia da infância romântica que apresentam, mostrando, no entanto, os entraves para que essa infância se consolide. No capítulo "É tempo de pipa", analisa-se infância nas periferias, que se distancia dos caracteres românticos, destituindo as crianças de traços de infantilidade. Para tanto, é feita uma leitura de Cidade de Deus e Lembrancinha do Adeus, romances que narram o seqüestro da infância e a aproximação de seu comportamento daquele observado em adultos. "Línguas e livros" é o terceiro capítulo, em que são abordados os romances O caderno rosa de Lori Lamby e O azul do filho morto. Os dois textos tratam a infância a partir de uma discussão sobre sexo e sexualidade na superfície de sua narrativa, mas a análise nos permite compreender que Hilst e Mirisola refletem sobre o ato de escrever, e apresentam suas visões da infância que, na verdade, aprofundam o pessimismo sinalizado em Oliveira e Sanches Neto e adensado em Lins e Ludemir. No capítulo conclusivo, "Sobre silêncios", reflete-se acerca da posição das crianças na narrativa não só enquanto grupo social silenciado, mas também como representação de uma idéia de nação que, jovem, isto é, ainda em formação, tem nos meninos e meninas mudos das narrativas a imagem da sua promessa não cumprida de progresso.

ASSUNTO(S)

experiência infância history infancy representação representation narrativa brasileira contemporânea literatura brasileira brazilian contemporary narrative experience história

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