O que pode acontecer com bebê filho de mãe portadora de sífilis?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Quando a mulher adquire sífilis durante a gravidez, além de óbito fetal e do abortamento, poderá haver infecção assintomática ou sintomática nos recém-nascidos. Mais de 50% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, com surgimento dos primeiros sintomas, geralmente, nos primeiros 3 meses de vida. Por isso, é muito importante a triagem sorológica da mãe durante o pré-natal e na maternidade.

Acreditava-se que a infecção do feto a partir da mãe com sífilis não ocorresse antes do 4º mês de gestação, entretanto, já se constatou a presença de

(agente causador da sífilis) em fetos, já a partir de 9 semanas de gestação. As alterações observadas na gestante são as mesmas que ocorrem na não-gestante. Atualmente a utilização do teste rápido para sífilis nas Unidades Básicas de Saúde, amplamente divulgado pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, visa diminuir drasticamente estes casos evitáveis de sífilis congênita.

A sífilis congênita apresenta, para efeito de classificação, dois estágios: precoce, diagnosticada até dois anos de vida e tardia, após esse período.

A síndrome clínica da sífilis congênita precoce surge até o 2º ano de vida e deve ser diagnosticada por meio de uma avaliação da situação materna e de avaliações clínica, laboratorial e de estudos de imagem na criança. Entretanto, o diagnóstico na criança representa um processo difícil. Como dito anteriormente, além de mais da metade de todas as crianças serem assintomáticas ao nascimento e, naquelas com manifestação clínica, os sinais poderem ser discretos ou pouco específicos, não existe uma avaliação complementar para determinar com precisão o diagnóstico da infecção na criança. No entanto, todos os casos suspeitos, onde os critérios clínicos, associados aos epidemiológicos e laboratoriais levem a pensar em sífilis congênita, deve-se fazer o diagnósticos de sífilis nesta criança. Portanto, se o ACS suspeitar desta situação, deve imediatamente comunicar a equipe de saúde e uma consulta com o médico deverá ser agendada.

Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais características dessa síndrome são, excluídas outras causas: hepatomegalia (aumento do fígado) com ou sem esplenomegalia (aumento do baço), lesões cutâneas (como por exemplo, pênfigo palmo-plantar, condiloma plano), periostite (inflamação do revestimento dos ossos) ou osteíte ou osteocondrite (inflamações dos ossos) (com alterações características ao estudo radiológico), pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite, icterícia (amarelão), anemia e linfadenopatia (aumento dos gânglios) generalizada (principalmente epitroclear – atrás dos cotovelos). Outras características clínicas incluem: petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica (problemas nos rins), hidropsia, edema, convulsão e meningite.

A síndrome clínica da sífilis congênita tardia surge após o 2º ano de vida. Da mesma forma que a sífilis congênita precoce, o diagnóstico deve ser estabelecido por meio da associação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Além disso, deve-se estar atento na investigação para a possibilidade de a criança ter sido exposta ao

por meio de exposição sexual (abuso). As principais características dessa síndrome incluem: tíbia em “Lâmina de Sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em “amora”, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado; enfim, várias alterações que atingem os ossos.

Esta é uma doença facilmente tratável, à base de penicilina G benzatina (“Benzetacil”) nas gestantes, portanto atualmente é inadmissível termos crianças com sífilis congênita nas nossas comunidades.

Os companheiros sexuais devem também sempre ser testados, pois se tratamos apenas as gestantes, após cada relação sexual pode ocorrer a reinfecção, trazendo riscos ao feto. Este é um trabalho árduo de toda a equipe de saúde e principalmente do ACS, buscar as gestantes faltosas e os companheiros daquelas com sífilis.

A sífilis congênita é o resultado da disseminação pelo sangue do

, da gestante infectada não-tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. Sabe-se que:

A longitudinalidade é essencial nestas situações, pois acompanhar casos de gestantes com sífilis, fazendo com que elas façam o tratamento completo, evitará os casos de sífilis congênita e todas as complicações que ela pode trazer.

A transmissão vertical da sífilis (sífilis congênita) permanece um grande problema de saúde pública no Brasil. Das várias doenças que podem ser transmitidas durante o ciclo gravídico puerperal, a sífilis é a que tem as maiores taxas de transmissão. Desde 1986, a sífilis congênita é de notificação compulsória, tendo sido incluída no SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). Entretanto, embora a sub-notificação tenha sido a regra, entre os anos de 1998 e 2004 foram notificados 24.448 casos da doença neste intervalo de tempo. Em 2003 observou-se uma mortalidade de 2,7 óbitos por 100 mil, em menores de 1 ano, demonstrando ainda um insuficiente controle

desta doença em todo o Brasil.

Como elementos fundamentais no enfrentamento da transmissão vertical da sífilis, as ações de diagnóstico e prevenção precisam ser reforçadas especialmente no pré-natal e parto; porém idealmente essas ações seriam mais efetivas se realizadas com a população em geral, ainda antes da gravidez ocorrer.

ASSUNTO(S)

saúde da criança agente comunitário de saúde a78 hanseníase e outras doenças infecciosas ne saúde materno-infantil sífilis congênita a - estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência

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