O que é Lúpus e quais orientações podem ser repassadas aos pacientes e familiares?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

O Lúpus é uma doença crônica autoimune. Por uma razão desconhecida, o organismo passa a não reconhecer suas próprias células e produz anticorpos contra elas (autoanticorpos), causando diversas anormalidades clínicas e laboratoriais.

O tratamento para lúpus envolve uma ampla gama de medicamentos que vão desde anti-inflamatórios comuns, baixas doses de corticóides e medicamentos antimaláricos (ex: cloroquina) para tratar manifestações mais leves – sem comprometimento de grandes órgãos ou sistemas – até drogas que retiram as defesas do organismo (como a ciclofosfamida, azatioprina e metotrexate) para graus mais avançados da doença. Cabe ao médico assistente a escolha da opção terapêutica mais apropriada levando em consideração as características individuais da doença e do “adoecer” do paciente em questão.

A intervenção mais importante que um ACS pode fazer para auxiliar uma pessoa com lúpus é garantir que ela tenha um acompanhamento adequado pela equipe de saúde. O ACS também deve verificar se ela está seguindo as orientações da equipe e orientar sobre a importância da adesão ao tratamento.

Abaixo, algumas dicas importantes que podem ser repassadas para as pessoas com Lúpus:

Pode ocorrer em qualquer faixa etária, incluindo crianças e gestantes, mas é mais frequente em mulheres jovens – especialmente entre 15 e 45 anos. Nesta faixa etária a razão de mulheres acometidas com relação aos homens se situa entre 6:1 e 9:1. Pessoas da raça negra têm quatro vezes mais chances de desenvolver a doença quando comparados com pessoas da raça branca.

Caracteristicamente, os pacientes com Lúpus passam por períodos de maior atividade da doença e períodos de remissão, ambos podendo ocorrer espontaneamente. As razões para o curso variável dessas manifestações ainda não estão esclarecidas. Sabe-se que algumas circunstâncias induzem exacerbações, como reações a drogas, infecções e exposição solar intensa.

Os sintomas agudos ocorrem como consequência de “ataques imunológicos” aos órgãos afetados, já as complicações tardias são atribuíveis tanto à própria doença como ao seu tratamento, que envolve muitas drogas com vários efeitos colaterais (como os corticoides, por exemplo). As manifestações clínicas do lúpus variam muito, já que a doença pode acometer diferentes órgãos e sistemas em diferentes momentos, constituindo um desafio diagnóstico para o médico (especialmente em sua fase inicial).

Alguns dos sinais e sintomas iniciais mais frequentes são: inflamação das articulações, mal-estar, cansaço, dor de cabeça, febre, emagrecimento involuntário, diminuição do número de células do sangue e alterações na pele. Uma das características mais clássicas do lúpus é a mancha na face “em asa de borboleta” que acomete de 30 a 60% dos pacientes no curso da doença.

Manifestações tardias incluem alterações nos rins, que podem levar à necessidade de hemodiálise e transplante renal, complicações nas membranas que revestem os pulmões e coração, doença neurológica, psiquiátrica, problemas de circulação, doença das válvulas cardíacas, entre outros. Outro complicador é que a atividade da doença (e o seu tratamento) aumentam o risco de infecções oportunistas.

Com o avanço das opções terapêuticas nas últimas décadas, a expectativa de vida dos pacientes aumentou significativamente. Atualmente, 80% das pessoas com Lúpus permanecem vivas após 15 anos de doença.

a pessoa com Lúpus deve ter garantido seu acompanhamento regular na sua Unidade de Saúde e é através dela, conforme suas necessidades, que será encaminhada para outros pontos do sistema de saúde. O ACS pode facilitar o agendamento de consultas.

além da doença diretamente, possíveis limitações podem provocar sofrimento psicológico pessoal e familiar, ao qual a equipe de saúde deve estar atenta e fornecer suporte.

com acompanhamento ao longo do tempo, pela mesma equipe, potenciais complicações da doença podem ser identificadas em momentos oportunos para o tratamento.

Lúpus é uma doença rara e que seu tratamento provavelmente envolverá cuidados multidisciplinares nos níveis secundários e terciários de atenção à saúde. Nesse caso, a equipe de saúde da UBS deverá fazer-se presente para acompanhar e organizar as intervenções, evitando a fragmentação e os conflitos nos cuidados fornecidos, e fornecer suporte de mais fácil acesso ao doente e aos seus cuidadores.

ASSUNTO(S)

cuidados primários de saúde agente comunitário de saúde l99 outra doença do aparelho músculoesquelético lúpus eritematoso sistêmico

Documentos Relacionados