O quarto de Ceci: paisagem, natureza-morta e desejo em O guarani, de José de Alencar

AUTOR(ES)
FONTE

Alea

DATA DE PUBLICAÇÃO

11/11/2019

RESUMO

Resumo Este artigo explora duas linhas contrastivas e complementares de representação da natureza em O guarani (1857), de José de Alencar, que são a paisagem e a natureza-morta, em especial esta última. Gênero que atinge seu clímax no século 17 nos Países Baixos, a natureza-morta passa ao primeiro plano da pintura ao valorizar características como a domesticidade, o apego ao detalhe e, sobretudo, a repressão do desejo, conforme apontam os estudos de Svetlana Alpers, Meyer Schapiro e Jacqueline Labbe. Do ponto de vista formal, o objeto representado necessita ser retirado de seu contexto original e inserido em uma nova teia de relações. Ora, todos esses aspectos estão presentes na descrição do quarto de Ceci no capítulo inicial, onde a atenção às “coisas mínimas” e às “miniaturas”, para retomarmos os termos de Araripe Jr., imprime tamanha força ao desejo que ele se irradia para todo o romance e se torna elemento central para movimentar sua engrenagem narrativa.Abstract This article explores two contrastive and complementary lines of representation of nature in José de Alencar's novel, O guarani (1857), namely landscape and still life. A genre that reached its climax in the 17th Century in The Netherlands, still life comes to the forefront of painting by valuing characteristics such as domesticity, attachment to detail and, above all, repression of desire, as pointed out by Svetlana Alpers, Meyer Schapiro and Jacqueline Labbe. From a formal point of view, the represented object needs to be removed from its original context and inserted into a new web of relations. All these aspects are present in the description of Ceci's room in the opening chapter, where attention to the “minimal things” and “miniatures” (Araripe Jr.), gives such a force to desire that it permeates the whole novel and becomes a central element to move its narrative gear.

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