O processo de trabalho do militar estadual e a saúde mental

AUTOR(ES)
FONTE

Saúde e Sociedade

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008-12

RESUMO

A Polícia Militar está balizada em dois pilares fundamentais: a disciplina e a hierarquia. O que a faz uma organização complexa com feixes de interesses que obstam a capacidade de resistência à mudança. Identificar como essa organização se estrutura e, sobretudo, relacioná-la com a saúde mental é o objetivo deste artigo. Buscamos contextualizar as finalidades dos serviços de segurança pública via breve histórico da polícia estadual, sua divisão e aplicabilidade frente à violência cotidiana. Através da psicologia do trabalho, usamos técnicas e conceitos fundamentados na Ergonomia da Atividade e na Psicodinâmica do Trabalho: observação do processo de trabalho, pesquisa documental, entrevistas individuais e coletivas. A análise de natureza qualitativa demonstrou que o policial militar está no centro de uma conjugação de forças advindas da organização do trabalho, da precarização do trabalho e, por fim, da sociedade contemporânea. As formas como essas relações de forças se conjugam, contribuem para implicações danosas à saúde (mental) dos profissionais, cuja configuração favorece o aumento do sofrimento psíquico, podendo se desdobrar em alcoolismo, depressão e até em suicídio. Dados da Junta Médica, de 2003 a 2005, mostram uma média de 489 policiais militares afastados do serviço por licenças médicas. Trata-se de números preocupantes em uma área de serviço público essencial à população. Esses números seriam maiores se as liberações ocorridas no local de trabalho também fossem computadas. O procedimento de liberação interna ocorre para tentar mediar os possíveis longos períodos na atividade para tratamento de saúde.

ASSUNTO(S)

polícia militar organização do trabalho saúde mental

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