O processo de raciocínio clínico de estudantes de medicina

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2018-01

RESUMO

RESUMO Introdução: As pesquisas no campo de raciocínio clínico têm colaborado no entendimento do processo de raciocínio dos estudantes. As estratégias nesse processo são relacionadas ao sistema analítico [hipotético-dedutivo (HD)] e ao não analítico [esquema-indutivo (SI) e reconhecimento de padrão (PR)]. Objetivos: Explorar o processo de raciocínio clínico de estudantes quinto ano de medicina ao final do ciclo clínico do internato médico, identificar as estratégias utilizadas na elaboração de hipóteses diagnósticas e analisar a organização e conteúdo do conhecimento. Método: Estudo qualitativo conduzido em 2014 numa universidade pública brasileira com estudantes do internato médico. Este estudo utilizou-se do método Stamm, em que um caso clínico de medicina interna foi elaborado baseando-se na teoria dos protótipos (Grupo 1 = 47 internos), em que os estudantes listam, sob suas percepções, os sinais, sintomas, síndromes e doenças mais típicas da clínica médica. Esse caso foi então utilizado na avaliação do processo de raciocínio clínico do Grupo 2 (30 estudantes aleatoriamente selecionados da amostra inicial) por meio da técnica "think aloud". As verbalizações foram transcritas e avaliadas por meio da análise temática proposta por Bardin. A análise de conteúdo foi validada por dois especialistas da área no início e ao final de todo o processo. Resultados: Os internos elaboraram 164 hipóteses primárias e secundárias durante a rosolução do caso clínico proposto. O SI foi a estratégia mais utilizada, com 48,8%, seguida de PR (35,4%), HD (12,2%) e mista (1,8% cada: SI + HD e HD + PR); Os estudantes construíram 146 eixos semânticos distintos, resultando numa média de 4,8/participante; Durante a análise, eles realizaram 438 processos de interpretação (média de 14,6/participante) e 124 processos de combinação (média de 4,1/ participante). Conclusões: As estratégias não-analíticas prevaleceram, com PR a mais utilizada no desenvolvimento de hipóteses primárias (46,8%) e a SI para as hipóteses secundárias. Os internos demonstraram uma rede semântica sólida e realizaram três vezes e meia mais processos de interpretação do que combinação, o que reflete uma organização e conteúdo de conhecimento menos aprofundada quando comparados com médicos experientes.

ASSUNTO(S)

resolução de problemas diagnóstico pensamento, estudantes

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