O Processo de ensinar-aprender no cotidiano de uma escola organizada em ciclos
AUTOR(ES)
Lívia Silva de Souza
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005
RESUMO
A organização do ensino fundamental em ciclos de aprendizagem configura uma nova realidade escolar e também uma nova problemática de estudo. Nessa perspectiva o presente trabalho tem como objetivo analisar e compreender o processo de ensinar-aprender no cotidiano da sala de aula de uma escola organizada em ciclos de aprendizagem. Nesse sentido questionamos: O que é o sistema de ciclos de aprendizagem? De acordo com a atual proposta de implantação do sistema de ciclos de aprendizado, o que muda nas escolas? Como professores lidam com essa proposta na sala de aula? Como a formação de professores é abordada nessa proposta? Com a adoção do sistema de ciclos em que medida os professores têm redefinido suas visões e práticas educativas, especialmente no que se refere ao não aprendizado dos alunos? Visando construir respostas para essas questões, realizamos, num primeiro momento, uma investigação documental e bibliográfica aprofundada sobre como as idéias relacionadas aos ciclos foram se consolidando no debate educacional, em especial, no Sistema Mineiro de Educação. Em seguida, realizamos a pesquisa de campo, numa escola de ensino fundamental da rede pública estadual de Uberlândia-MG na qual participamos do cotidiano de uma sala de aula de 3 ano durante um ano letivo. Entendemos e interpretamos os movimentos da sala de aula, seus significados e sentidos associados com a cultura escolar e constatamos que embora as taxas de evasão e reprovação tenham diminuído com a implantação dos ciclos de aprendizagem, o não-aprender vai se configurando no cotidiano da sala de aula da escola ciclada. Isso constitui alunos que não aprendem e professores que não conseguem ensinar. O não-ensinar e o não-aprender tornam-se resultados mais significativos da instituição cujo objetivo declarado é ensinar e educar. Considerando as observações que realizamos na escola, na sala de aula, os relatos e entrevistas com seus profissionais, é possível afirmar que a escola desenvolve ações de maneira muito diferentes da apresentada nos documentos oficiais que trazem a proposta de ciclos para o Estado de Minas Gerais. O nosso estudo aponta que concepções e a própria formação do professor permanecem intocados na escola de ciclos. Um exemplo disso é a situação de não-aprender dos alunos, ou seja, a ausência de uma compreensão aprofundada da leitura e escrita e um exercício efetivo desse conhecimento. Portanto, constatamos que para fazer mudanças não basta elaborar decretos e baixar resoluções, como vimos acontecer durante nossa permanência na escola. Acreditamos que as mudanças devem começar pelo próprio cotidiano da escola, levando em consideração o que pensam e como vivem os professores e alunos que dele fazem parte.
ASSUNTO(S)
ciclos de aprendizagem ensino - uberlândia subjetividade educacao ensino-aprendizado cotidiano escolar ensino fundamental
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.ufu.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=315Documentos Relacionados
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