O processo de dessacralização da morte e a instalação de cemitérios no Seridó, séculos XIX e XX / The process of death and desecration of cemeteries in the installation of Seridó, nineteenth and twentieth centuries

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Esta pesquisa surgiu a partir do desejo de compreender a relação que a população do Seridó manteve com a morte e com os mortos no momento em que os surtos epidêmicos de cólera-morbo, varíola e febre amarela grassaram na região, provocando modificações na cultura fúnebre. Assim, nosso objetivo é analisar como o impacto dessas epidemias, que atingiram esse espaço a partir de 1850, contribuiu para a ação transformadora sobre os costumes fúnebres e as atitudes da população para com a morte e os mortos. As atitudes dos habitantes da capitania do Rio Grande do Norte quanta à finitude da vida tinham como eixo central, durante toda a extensão do século XVIII e a primeira metade do século XIX, a familiaridade entre vivos e mortos, relação definida pelos rituais efetivados no momento pós-morte e pelas inumações no interior das igrejas. Essas inumações, utilizadas pelos cristãos católicos, permitiam o contato direto entre vivos e mortos: os fiéis que frequentavam as igrejas passavam, sentavam-se e faziam suas orações sobre as sepulturas. O impacto das epidemias nas transformações na cultura funerária foi fundamental. As doenças provocavam alto índice de mortalidade, tornando inviável o enterramento no interior das igrejas, uma vez que não havia tempo suficiente para a total decomposição dos corpos. Logo, constituíram-se em um dos elementos catalisadores do discurso higienista, que há tempos lutava, sob influência europeia, contra o enterramento ad sanctos, com base na prevenção de males e a favor da higienização pública. Dentro dessa conjuntura, o Seridó, a exemplo de outras regiões brasileiras, como São Paulo e o Rio de Janeiro, iniciou o processo de secularização da morte. É esse processo que pretendemos compreender, tendo como base o uso de documentação oficial produzida pelos Presidentes de Província e os de Comarcas Municipais, testamentos e registros paroquiais de óbito, além de recursos visuais, como plantas baixas, fotografias e vídeos, para análise dos cemitérios secularizados da região.

ASSUNTO(S)

historia seridó. epidemia. morte. cemitério. secularização. séculos xix e xx seridó. epidemic death cemetery secularization 19th and 20th century

Documentos Relacionados