O PÊNDULO E AS ESCALAS DA DEMOCRACIA: “EPIDEMIA DE TRANSGÊNEROS” E RESISTÊNCIA À (RE)PATOLOGIZAÇÃO DAS IDENTIDADES TRANS
AUTOR(ES)
Borba, Rodrigo; Silva, Danillo da Conceição Pereira
FONTE
Trab. linguist. apl.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2020-09
RESUMO
RESUMO A democracia brasileira se move como um pêndulo: de tempos em tempos, seus limites são expandidos ou diminuídos (Avritzer, 2019). Após um período ditatorial violento, a redemocratização foi gradualmente fortalecida. Políticas públicas para a inclusão da população LGBT+ foram importantes neste processo. A ascensão do bolsonarismo, no entanto, vem puxando o pêndulo democrático para o extremo oposto. Contudo, isso não acontece sem contestação. Nesse cenário, analisamos a circulação de um poster divulgando uma palestra sobre uma “epidemia de trangêneros”, que aconteceria na Assembleia Legislativa de Porto Alegre em março de 2020. Tais disputas textuais podem nos ajudar a reconceitualizar o estado atual da democracia brasileira como produzido na tensão entre projetos escalares (Carr e Lempert, 2016) distintos. As trajetórias textuais sob escrutínio indicam que o vai-e-vem do pêndulo democrático não acontece de forma linear como Avritzer (2019) parece sugerir. A recente retração iliberal coexiste com valores e ganhos conquistados em períodos de expansão democrática, fato que explica o cancelamento da palestra devido a protestos online e offline contra sua realização. Esse tipo de resistência parece sugerir que projetos escalares desdemocratizantes não são homogêneos nem totalizadores, o que permite a novas coletividades políticas contestar sua opressão.
Documentos Relacionados
- O trabalho em causa na "epidemia depressiva"
- A indústria farmacêutica e psicanálise diante da "epidemia de depressão": respostas possíveis
- Das lutas contra a ditadura às lutas pela democracia: o pensamento de Antônio Ivo de Carvalho
- Democracia: entre a igualdade e o egoísmo
- O papel das pesquisas de opinião pública na consolidação da democracia: a experiência latino-americana