O PÊNDULO E AS ESCALAS DA DEMOCRACIA: “EPIDEMIA DE TRANSGÊNEROS” E RESISTÊNCIA À (RE)PATOLOGIZAÇÃO DAS IDENTIDADES TRANS

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-09

RESUMO

RESUMO A democracia brasileira se move como um pêndulo: de tempos em tempos, seus limites são expandidos ou diminuídos (Avritzer, 2019). Após um período ditatorial violento, a redemocratização foi gradualmente fortalecida. Políticas públicas para a inclusão da população LGBT+ foram importantes neste processo. A ascensão do bolsonarismo, no entanto, vem puxando o pêndulo democrático para o extremo oposto. Contudo, isso não acontece sem contestação. Nesse cenário, analisamos a circulação de um poster divulgando uma palestra sobre uma “epidemia de trangêneros”, que aconteceria na Assembleia Legislativa de Porto Alegre em março de 2020. Tais disputas textuais podem nos ajudar a reconceitualizar o estado atual da democracia brasileira como produzido na tensão entre projetos escalares (Carr e Lempert, 2016) distintos. As trajetórias textuais sob escrutínio indicam que o vai-e-vem do pêndulo democrático não acontece de forma linear como Avritzer (2019) parece sugerir. A recente retração iliberal coexiste com valores e ganhos conquistados em períodos de expansão democrática, fato que explica o cancelamento da palestra devido a protestos online e offline contra sua realização. Esse tipo de resistência parece sugerir que projetos escalares desdemocratizantes não são homogêneos nem totalizadores, o que permite a novas coletividades políticas contestar sua opressão.

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