O papel do pediatra no programa de saude da familia-Paideia de Campinas (São Paulo-Brasil) / The pediatrician s role in the Paideia-family health program in Campinas (SP-Brazil)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os sistemas de saúde orientados pelos princípios da Atenção Primária à Saúde alcançam melhores indicadores de saúde, têm menores custos e maior satisfação dos usuários. Entretanto há muitas divergências sobre as formas de estruturá-los, para obtenção destes princípios. Em muitos países a Atenção Primária é prestada por médicos de família, que funcionam como porta de entrada do sistema de saúde, acompanhados ou não por outros profissionais de saúde. Médicos de outras especialidades também podem estar disponíveis, como pediatra, ginecologista, clínico geral, e outros. No Brasil, desde 1994, o Ministério da Saúde vem implantando o Programa de Saúde da Família (PSF), como estratégia central da Atenção Primária do Sistema Único de Saúde. O PSF baseia-se no trabalho de uma equipe composta por um médico de família generalista, uma enfermeira, um ou mais auxiliares de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde. Esta composição das equipes de saúde da família tem sido criticada como insuficiente, principalmente nos grandes centros urbanos, para dar conta das diversas e complexas realidades de saúde do país. Uma das críticas é em relação à ausência do médico pediatra na equipe. Este trabalho analisou parte da experiência do programa no município de Campinas (SP-Brasil), denominado de PSF-Paidéia e implantado com adaptações à realidade local, entre as quais a existência de pediatra em cerca de 140 equipes. O objetivo foi conhecer a visão de pediatras e médicos de família sobre a atenção à saúde da criança por eles praticada, os limites e avanços deste modelo tecno-assistencial, o papel de cada um neste trabalho e como pensam idealmente a existência do pediatra no programa. Para tanto, foi utilizada metodologia qualitativa e, como técnica de coleta de dados, entrevistas semi-estruturadas. Trabalhou-se com uma amostra intencional, selecionando para entrevistas pediatras e médicos de família de 10 equipes, indicadas pelos distritos de saúde do município, como as melhores segundo a adesão às diretrizes do PSF-Paidéia. A técnica de tratamento dos dados colhidos foi a da Análise de Conteúdo, na modalidade Análise Temática. Os avanços mais valorizados são o trabalho em equipe e as reuniões de equipe, para elaboração de projetos terapêuticos singulares. Já como limites: o volume de pronto-atendimento e o excesso de famílias cadastradas por equipe. A atenção à criança é realizada basicamente pelo pediatra e somente na ausência deste o médico generalista a atende. A melhoria da capacitação do médico de família para o cuidado à criança é vista como fundamental. Houve uma quase unanimidade de reconhecimento da importância do pediatra na atenção básica e não como referência à distância, pela ampliação da resolutividade que traria para a equipe in loco. Entretanto, foram apontadas críticas à sua atuação, muito focada no referencial biomédico e no consultório médico, havendo necessidade de maior envolvimento com o trabalho em equipe, os aspectos psicossociais, a família e o território, para que ele possa se legitimar plenamente como necessário nas equipes de saúde da família. Para dar conta do complexo perfil de morbidade das crianças e adolescentes do século XXI o pediatra geral da atenção primária precisaria de uma nova formação. Também parece importante uma melhor definição, pelos órgãos gestores, do papel do pediatra nas equipes do PSF-Paidéia, bem como na atenção primária à criança no SUS

ASSUNTO(S)

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