O papel do betabloqueador na miocardiopatia chagásica experimental: avaliação morfo-funcional / The role of betablockade on experimental chagasic cardiomyopathy: morpho-functional evaluation

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A doença de Chagas, descrita há quase 100 anos por Carlos Chagas, continua sendo um problema de saúde pública na América Latina, com 15 milhões de infectados e 28 milhões de indivíduos susceptíveis. Vários mecanismos fisiopatológicos foram propostos para a progressão da miocardiopatia chagásica crônica, entre eles a denervação simpática. O uso do betabloqueador na insuficiência cardíaca congestiva diminuiu morbidade e mortalidade. Entretanto, nenhum trabalho conclusivo incluiu a miocardiopatia chagásica como etiologia. OBJETIVO: Avaliar o papel do carvedilol na sobrevida e remodelamento miocárdico na miocardiopatia chagásica experimental. MATERIAL E MÉTODOS: Foram avaliados 55 Hamsters Sirius, divididos em grupo controle, grupo infectado com Trypanosoma cruzi com 105 formas tripomastigotas via intraperitoneal e grupo infectado, tratado inicialmente com carvedilol 10 mg/Kg/dia e após 6 meses com 15 mg/Kg/dia em dose única por gavagem. Foi analisado o peso do animal; os diâmetros ventriculares, função sistólica e diastólica obtidas pelo ecocardiograma; a freqüência cardíaca, a duração do QRS, a presença de extra-sístoles e o ritmo cardíaco usando o eletrocardiograma e a avaliação da mortalidade. Após 12 meses os animais sobreviventes foram sacrificados e realizada a quantificação da fração do volume de colágeno intersticial e perivascular no miocárdio. RESULTADO: A razão dos diâmetros diastólico e sistólico pelo tamanho da tíbia não mostrou diferenças estatísticas, apesar de maiores nos grupos infectados. A fração de encurtamento também não mostrou diferença estatística, apesar de menor nos grupos infectados. A fração do volume de colágeno do ventrículo esquerdo e perivascular mostrou maior acúmulo nos grupos infectado e carvedilol em relação ao controle de forma significativa (p<0,001), mas sem diferença nos grupos infectados tratados ou não. A mortalidade foi maior nos grupos infectado e carvedilol (p = 0,001) e não ocorreu diferença entre estes grupos após 12 meses. Na fase aguda (até 100 dias) o grupo carvedilol apresentou melhor sobrevida (p = 0,001) em relação ao infectado. CONCLUSÃO: O carvedilol não mostrou atenuação no remodelamento miocárdico e demonstrou benefício na mortalidade na fase aguda da doença nesse modelo de miocardiopatia chagásica crônica experimental.

ASSUNTO(S)

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