O oficinar como possibilidade de exercício da cognição enativa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O uso de substâncias químicas tem sido relatado em diferentes culturas e períodos históricos; entretanto os tipos de substâncias utilizadas, o contexto social, as práticas de consumo e o que é considerado excesso, bem como as práticas de seu controle e os modos de intervenção, apresentam especificidades. Deparamo-nos hoje com o fato de que o uso considerado abusivo pode ser caracterizado como doença (dependência). Para os sujeitos nessa condição de existência, existe toda uma estrutura de poderes (Ministério da Saúde e Ministério Público) e saberes (médico, jurídico, psicológico, religioso, etc.) propondo instituições e modelos de tratamento. Através da inserção em uma dessas instituições de tratamento para dependentes químicos e da análise dos modos de subjetivação e das políticas cognitivas, propomos uma pesquisa-intervenção, com a finalidade de possibilitar o exercício da cognição enativa/inventiva. Adotar como perspectiva a cognição enativa/inventiva implica estabelecer outra relação de conhecimento, baseada na produção de si próprio (autopoiese) e daquilo que tomamos por realidade em distintas redes de conversação. Dessa forma, as oficinas de máscaras surgem como uma proposta de pesquisa-intervenção que tem como objetivo mapear e acompanhar os movimentos cognitivos emergentes nas mesmas, inseridas no marco institucional de um serviço para dependentes de substâncias químicas. Tomamos como foco de estudo os modos pelos quais os usuários desse serviço de saúde que participam da oficina (intervenção) de produção de máscaras colocam questões e compartilham emoções - por eles consideradas pertinentes - em relação às experiências pessoal, institucional e com as tecnologias. Buscamos ainda, avaliar os efeitos da emergência de uma política de cognição enativa em um contexto terapêutico predominantemente recognitivo. Para a análise das oficinas, tomamos o conceito de cognição enativa como uma ferramenta metodológica que nos potencialize distinguir momentos em uma rede de produção-conversação nos quais exista um linguajar que vitalize coordenações de ações até então inusitadas na história desse coletivo e um emocionar no qual a experiência do outro possa ser aceita como legítima.

ASSUNTO(S)

subjectivation forms abuso de drogas drogas : dependencia cognitive policies of cognition cognição (representational) cognition and (enaction) invention autopoiesis reabilitação networks of conversation

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