“O negro é povo no Brasil”: afirmação da negritude e democracia racial em alberto guerreiro ramos (1948-1955)

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. CRH

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-04

RESUMO

É possível identificar, no debate público sobre as atuais desigualdades raciais brasileiras, duas estratégias antirracistas fundamentais. Enquanto, de um lado, a afirmação política e identitária da negritude é encarada por alguns atores como forma de denunciar o racismo presente em nossas estruturas e práticas sociais, outros sustentam que o tradicional elogio ao caráter mestiço do povo brasileiro fornece a melhor base para um projeto nacional autenticamente pós-racial. Embora pareçam inconciliáveis, nem sempre essas posturas foram vistas como rivais. O sociólogo baiano Alberto Guerreiro Ramos é um exemplo de pensador do “problema do negro no Brasil” que via a afirmação da negritude como meio para a construção da democracia racial no país. Embora sua adesão a esses dois projetos seja considerada ambígua e incoerente, este artigo sustenta que a afirmação da negritude e o elogio da democracia racial são propostas políticas que ele tentou compatibilizar deliberadamente. Sobretudo entre 1948 e 1955, Guerreiro Ramos defendeu que a assumpção epistemológica e política da negritude seria um meio para expurgar dialeticamente do país a desconectada ideologia da brancura. Somente assim, seríamos capazes de dotar de valor a nossa mestiçagem, reconciliando a tradicional apologia da democracia racial com a constituição concreta do nosso povo.

ASSUNTO(S)

negritude democracia racial mestiçagem niger sum pensamento social brasileiro

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