O movimento antimanicomial e a rede substitutiva em saúde mental: a experiência do município de São Paulo 1989 - 1992 / The anti-asylum movement and the proposal of a new model for mental health care: the experience of the municipality of São Paulo (1989 - 1992).

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre a atuação/inserção dos trabalhadores em saúde mental na implantação da rede substitutiva de saúde mental do município de São Paulo, entre os anos de 1989 e 1992. A discussão, orientada pelas contribuições da Psicologia Social como descrita por Pichon-Rivière, apoia-se em dados coletados a partir da observação grupos de supervisão clínica/institucional. Estes grupos são parte do Projeto de Formação Permanente em Recursos Humanos na Área de Saúde Mental, resultado do convênio entre a Prefeitura do Município de São Paulo e a Universidade de São Paulo (PMSP/USP), através do termo aditivo entre Secretaria Municipal de Saúde e Instituto de Psicologia (SMS/PST-IPUSP), cuja realização se deu paralelamente à implantação da rede referida. Ressignificar e construir/superar limites conceituais, teóricos, técnicos, práticos; e problematizar as contradições, conflitos e dúvidas decorrentes da prática são fundamentais na substituição de práticas antimanicomiais. Ao enfocar a contradição entre saberes e práticas do modelo psiquiátrico tradicional X modelo antimanicomial, analisou-se os conflitos de natureza objetiva e/ou subjetiva, emergentes no contexto de trabalho e relacionados principalmente à concepção de loucura, constituição da equipe multiprofissional e formação dos trabalhadores em saúde mental na construção de práticas inspiradas nos princípios antimanicomiais. Constatou-se que contradições ( loucura/doença mental x saúde mental’, ‘loucura/desrazão X razão’, ‘anormalidade/patologia x normalidade’, ‘saber x não saber’, ‘modelo médico x não médico’, ‘terapêutico x não terapêutico’) provenientes da quebra do modelo manicomial desencadeiam processos de indiscriminação, emergentes nas relações intersubjetivas, tendo como efeito a perda de limites (‘trabalhadores x usuários’, ‘técnicos x não técnicos’, ‘neurose x psicose’, ‘eficiência x ineficiência’ de técnicas, ‘público x privado). Assim, a construção destes novos modelos, ligada a desconstrução do manicômio, apresenta-se como uma tarefa complexa, cuja realização não se restringe ao âmbito das práticas, pois carrega consigo contradições inerentes ao sistema social do qual advém (burguesia X proletariado, movimentos sociais x Estado, sociedade global x instituição de saúde, instituição x trabalhadores, trabalhadores em saúde mental x usuário/familiares e usuários x familiares).

ASSUNTO(S)

hospitais psiquiátricos pichon-rivière enrique 1907- distúrbios mentais saúde mental movimentos sociais pessoal da saúde mental pichon-rivière enrique 1907- social movements mental health psicologia social psychiatric hospitals mental health personnel mental disorders social psychology

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