O Luxo do Futuro. Idosos LGBT, teleologias heteronormativas e futuros viáveis

AUTOR(ES)
FONTE

Sex., Salud Soc. (Rio J.)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-08

RESUMO

Resumo Analiso neste texto as narrativas de um interlocutor - Maurício, 62 anos, gay, negro, cisgênero, classe média-baixa - sobre os impactos do surgimento no Brasil das noções de “idosos LGBT” e “velhice LGBT” em suas expectativas (individual e coletiva) de futuro e concepções sobre o curso da vida. Tal exame, retomando a noção de teleologias heteronormativas, lança luz sobre dinâmicas mais amplas relacionadas a transformações contemporâneas na velhice, à produção de subjetividades e ao processo de constituição biopolítica de populações envelhecidas. Nesse sentido, desenvolvo um exame antropológico do modo como meu interlocutor dava sentido a uma existência marcada por um intenso imediatismo e uma dificuldade de vislumbrar o futuro (a ideia de “futuro como luxo” e um privilégio de poucos); e uma espécie de normatividade, em termos de gênero e sexualidade, sobre os modos de compreender e alcançar uma “vida plena”, “realizada” e “feliz”. O pano de fundo da análise se dá, por fim, a partir de um novo modo de politização do envelhecimento no contemporâneo - sobretudo através da crítica ao apagamento da diversidade sexual e de gênero na velhice - o qual abre espaço para reconfigurar esse momento da vida e o futuro como sítios em que a existência de pessoas LGBT se torna potencialmente viável.

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