O léxico no século XVI: um estudo do idioma brasileiro

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta Dissertação, situada na linha de pesquisa História e Descrição da Língua Portuguesa, compreende uma investigação exploratória, cujo objeto de estudo está circunscrito ao vocabulário do idioma português brasileiro, no século XVI. Postula-se que a idiomaticidade se inscreve na transformação do léxico do português arcaicoprovençal que, transportado para as Terras do Brasil, com o colono que com ele se deslocou, foi cultivado tal qual o solo da nova colônia. Nesse processo de cultivo, de que resultou a aculturação do branco, do índio e do negro, esse vocabulário se renova para se adaptar ao contexto de um outro território, de sorte a incorporar novas semias e, assim suprir a falta do próprio vocabulário do português arcaico provençal. Contudo, essas novas semias são ainda insuficientes, fazendo-se necessário incorporar, ao seu campo lexical, palavras de origem indígena e africana, devido a nova geografia, fauna e flora. Desse processo de mudanças semêmicas e de incorporações tem-se novas/outras lexicalizações que vão diferenciando o idioma brasileiro do português propriamente dito, pela edificação de novas arquiteturas, cujo suporte é o mesmo sistema lingüístico: aquele que qualifica os processos de codificação de conhecimentos de mundo, formalizados pela língua portuguesa. A distinção entre estrutura e arquitetura facultou diferenciar língua de idioma ponto de partida adotado para examinar a idiomatização do português provençal arcaico, tendo como parâmetro os processos de lexicalização e considerar tanto o português do Brasil, quanto o de Portugal, bem como o de outras nações como idiomas produto de línguas de culturas diferenciadas que conviveram e convivem em espaços geográficos diferentes e que, hoje, tipificam territórios distintos que se tornaram Estados Nacionais. Essas diferentes línguas que fizeram desses espaços territórios bilíngües deixaram-se inscrever no sistema vocabular desses idiomas, de sorte a assegurar a eles visões de mundo que, embora distintas, se apresentam similares quanto à forma que estrutura o campo de seus respectivos vocabulários. Norteado por um objetivo geral buscar explicitar as permanências pelos modelos de deslocamento referente à estruturação e organização desse processo de idiomatização o percurso investigativo está traçado por duas focalizações. Uma que configura o caráter historiográfico da constituição do idioma na terra dos papagaios; outra referente aos quadros dos estudos lingüísticos que privilegiam o léxico como instância capaz de apontar semelhanças nas diferenças entre modelos de organização e representação de conhecimentos de mundo formalizados por um mesmo sistema lingüístico. Dos resultados obtidos, por meio de procedimentos analíticos orientados pelo estudo de campos semântico-discursivos, tem-se que o português arcaico provençal, implantando em território brasileiro, idiomatiza-se e se torna a língua oficial de uma colônia transmudada em Estado Nacional, no século XIX. Tal idiomatização apresenta diferenças pouco significativas no âmbito gramatical o que não permite considerar a existência de línguas diferentes. Já no âmbito lexical, esse processo de idiomatização, implicando a construção de pontos de vista diferenciados pelos quais os conhecimentos de mundo são organizados, estruturados e formalizados por categorias de línguas, pode qualificar o idioma brasileiro na sua diferença com aquele de Portugal

ASSUNTO(S)

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