"O jornalismo como profissão": recursos sociais, titulação acadêmica e inserção profissional dos jornalistas no Rio Grande do Sul

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta tese analisa as condições sociais, institucionais e políticas do uso da formação superior para o ingresso no jornalismo e ascensão profissional no estado do Rio Grande do Sul. As discussões nacionais a respeito da exigência da formação universitária em jornalismo para o exercício dessa atividade, sobretudo a partir de 2001, trouxeram a tona embates sobre a regulamentação da profissão. Parte-se do princípio que uma profissão não é apenas um espaço de conflito e disputas por reservas de mercado, mas é ainda o lugar de confronto entre estruturas de capitais diferenciados. Nesse sentido, os conflitos em torno da imposição do diploma são reveladores não só de uma disputa por mercado, como também permitem mostrar as lutas para definição dos recursos legítimos para entrada e crescimento na hierarquia interna do jornalismo. Nessas disputas, os agentes comprometem os recursos que acumularam durante seu trajeto social e profissional e que resultam de sua origem social, formação escolar e inserção em outras esferas de atividade. Para compreender os usos do diploma, tornou-se fundamental a análise das inserções e das esferas sociais nas quais os jornalistas se inserem e como elas permitem adquirir recursos que podem contribuir para valorizar seu título acadêmico. O universo empírico considerado é constituído por jornalistas gaúchos que ocupam posições dirigentes no jornalismo. Para dar conta das questões colocadas, esta tese está dividida em três momentos principais. Num primeiro momento, analisaram-se as condições sociais e históricas que consolidaram o exercício do jornalismo e que permitiram determinadas formas de inserção e reconversão de recursos para atuação nessa atividade. Num segundo momento, investigou-se como ocorreu o processo de regulamentação oficial do jornalismo considerando o período da primeira regulamentação, na década de 1930, até os confrontos atuais em torno da exigência do título acadêmico. E por fim, um último nível de análise teve por objetivo apreender os determinantes sociais e culturais que pesam sobre as formas de recrutamento e modalidades de investimento no jornalismo. Esta tese permitiu mostrar que a profissão de jornalista se caracteriza pela reconversão de recursos diversos em recursos profissionais. Desse modo, o diploma de jornalista só adquire valor para ocupação de posições e ascensão profissional se articulado com recursos sociais variados, sobretudo aqueles obtidos através das origens sociais privilegiadas, do intenso contato com as fontes de informação das notícias e, ainda, do investimento na militância político-partidária. O efeito dessa reconversão de recursos sociais em recursos profissionais é a diversificação e a ampliação dos espaços de atuação e intervenção profissional.

ASSUNTO(S)

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