O impacto da obesidade no tratamento intensivo de adultos
AUTOR(ES)
Moock, Marcelo, Mataloun, Sergio Elia, Pandolfi, Marcela, Coelho, Juliana, Novo, Neil, Compri, Patrícia C.
FONTE
Revista Brasileira de Terapia Intensiva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010-06
RESUMO
OBJETIVOS: Verificar o prognóstico de pacientes obesos e eutróficos internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de adultos. DESENHO: Estudo retrospectivo e observacional MÉTODOS: Todos os pacientes admitidos na UTI durante 52 meses foram incluídos. Foram selecionados pacientes com IMC ≥30 Kg/M² para compor o grupo obeso e outros com IMC < 30 Kg/M², com características clínicas e demográficas semelhantes, que formaram o grupo eutrófico. Foram comparadas a mortalidade e a morbidade entre os grupos. O teste de Mann- Whitney foi usado para as variáveis numéricas e o teste do qui quadrado para as categóricas. RESULTADOS: Duzentos e dezenove pacientes foram incluídos. O grupo obeso (n=73) foi comparado com o grupo eutrófico (n=146). A maioria dos pacientes do grupo de obesos apresentou IMC na faixa de 30 a 35 Kg/M², enquanto que os obesos mórbidos (IMC> 40 Kg/M²) totalizaram apenas 10 pacientes. Não se observou diferença na taxa de mortalidade real, na mortalidade prevista pelo APACHE II, na mediana do tempo de ventilação mecânica e na freqüência da realização de traqueostomia. As diferenças observadas foram na mediana do tempo de internação na unidade de terapia intensiva (7,0 versus 5,0 dias respectivamente; p<0,05), na mediana do escore do APACHE II (16,0 versus 12,0 respectivamente; p<0,05). A mortalidade observada foi sempre maior que a predita, segundo o APACHE II, nos dois grupos, porém o maior descolamento foi registrado nos pacientes com IMC > 40Kg/M². CONCLUSÕES: Neste estudo a obesidade não aumentou a taxa de mortalidade, mas aumentou o tempo médio de permanência na UTI. Os atuais indicadores prognósticos ao não incluírem o IMC poderiam subestimar o risco de morrer e interferir em outros indicadores de qualidade do desempenho assistencial. Como ainda não há um consenso sobre a interferência da obesidade na mortalidade, a inclusão do índice de massa corpórea nos indicadores permanece controversa. Novos estudos, com maior número de obesos, poderão apontar qual o ponto de corte a partir do qual o índice de massa corpórea determinaria o incremento da taxa de mortalidade.
ASSUNTO(S)
obesidade prognósticos cuidados intensivos unidades de terapia intensiva apache Índice de massa corporal mortalidade
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