O idealismo de Hegel e o materialismo de Marx : demarcações questionadas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Hegel e Marx têm sido relacionados na História da Filosofia pela redução de um ao outro, pela exclusão de um em relação ao outro e ainda pela completude entre eles. O que é investigado aqui é precisamente a relação que afirma a complementariedade entre eles. Não se busca a anulação de diferença que distingue um do outro, mas recuperar a aproximação que a mesma diferença viabiliza. A mencionada aproximação entre Hegel e Marx é procurada na dialética idealismo-materialismo. Hegel é marcadamente idealista e Marx, por sua vez, materialista, mas até que ponto ambos encontram-se enclausurados em si mesmos e afastados da posição do outro? Da análise do que Hegel pensava sobre o idealismo e sobre o materialismo e do que Marx pensava sobre o idealismo de Hegel e sobre o materialismo depreende-se que tanto um quanto o outro invadem o campo alheio. Se isso não atesta a assunção dos posicionamentos do outro, também não possibilita uma desconsideração cabal do contrário. Em outras palavras, Hegel não evitou o materialismo e o mesmo não fez Marx para com o idealismo. O momento da passagem do idealismo pelo materialismo e vice-versa é um momento da superação, mas essa ocorre necessariamente por esse caminho. Procurando apronfundar e ofercer sustentação a essa tese realizou-se a busca do materialismo na ontologia, na epistemologia e na história em Hegel e, por outro lado, as indicações da presença do idealismo na ontologia, na epistemologia e na história em Marx. Obviamente a ontologia, a epistemologia, e a história não são vistas em separado nem por Hegel nem por Marx. Por isso a abordagem empreendida intenciona uma exposição para efeito de melhor compreensão. A consideração dos textos de Hegel permite apontar para a materialidade do Espírito mesmo que ela seja resultante deste, pois a exteriorização do Espírito nas diversas formas de matéria é o que garante o ser em-si. Não há em-si sem o para-si. O infinito depende do finito. A dependência é uma necessidade, mas é o único fundamento da liberdade. A obra de Marx insiste na primazia da materialidade e essa insistência abre espaço ao Espírito, à idealidade ao constituir a premência de uma explicitação. Esta não acontece sem referenciais postos antes e que projetam o depois. A realidade dada não se abre por completo, posto que o dado é também um em-si que precisa ser tomado no para-si da idéia para ser atingido. Hegel e Marx também são um sem o outro, mas enquanto empenharam-se em buscar o real parece que, unidos pela diferença, compõem melhor o todo tão perseguido.

ASSUNTO(S)

georg wilhelm friedrich 1818-1883 materialismo karl marx filosofia. hegel 1770-1831 idealismo

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