O gênero em revista: Simbiose patriarcado - capitalismo na publicidade de O CRUZEIRO, nas décadas de 1940 e 1950. / The genre in magazine:patriarchy-capitalism symbiosis in O CRUZEIROs advertisements, on 1940 and 1950 decades.
AUTOR(ES)
Vicente Augusto Aquino de Figueiredo
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005
RESUMO
No período ora estudado, um meio de comunicação de grande penetração pública foi, sem dúvida, a revista O CRUZEIRO, fundada em 1928, por Assis Chateaubriand. Antes do advento da televisão como veículo de comunicação de massa, no Brasil das décadas de 1940 e de 1950, a revista O CRUZEIRO desempenhou papel de fundamental importância na formação do imaginário nacional. As classes médias urbanas brasileiras, em fase de grande crescimento, principalmente após o final da II Guerra Mundial, eram o público preferencial de O CRUZEIRO, que buscava, em suas páginas, além de diversão e de informação, modelos de comportamento e de estética. É perceptível nos anúncios publicitários de O CRUZEIRO, nas décadas de 1940 e 1950, o projeto de implantação de uma sociedade capitalista industrial, em consonância com um projeto de elaboração social dos sexos, que nos permite falar em enovelamento entre capitalismo e patriarcado. Desta maneira, o objetivo central desta tese é o de desvelar as estratégias utilizadas pela publicidade, veiculada na revista O CRUZEIRO, das décadas de 1940 e 1950, para fomentar a consolidação de um projeto político-social e econômico condizente com uma sociedade urbano-industrial, nascente no Brasil que, então, necessitava reconfigurar as matrizes dominantes de gênero, classe e raça/etnia. Partimos, então, da hipótese de que a publicidade veiculada na revista O CRUZEIRO expressava a construção de um projeto político-social de desenvolvimento, em consonância com a da elaboração social dos sexos. Esta hipótese constitui-se em apenas um fio puxado do enovelamento formado entre o capital e o patriarcado, que nos auxilia a compreender parte dos mecanismos da atual configuração do nó formado por gênero, classe, raça/etnia. A rápida industrialização e as conseqüências de ordem social, por esta provocada, necessariamente, produziram tensões nas relações patriarcais, historicamente ajustadas às contradições da sociedade agrário-exportadora, de cultura predominantemente rural. As novas condições impostas pelo desenvolvimento industrial e, conseqüentemente, pela urbanização e ascensão dos estratos médios da população, exigiram, que o patriarcado a elas se readequasse. No presente trabalho, analisamos a simbiose entre o patriarcado e o capitalismo, neste momento crítico que marcou o impulso da industrialização brasileira no pós-guerra. Este processo desempenhou um importante papel na redefinição das matrizes dominantes de gênero, classe, raça/etnia, no início da transição de uma sociedade rural, agro-exportadora, para uma sociedade capitalista, urbano-industrial. A nova matriz de gênero, classe e raça/etnia, exigida por este contexto, portanto, se ajustou aos ditames tanto do patriarcado, quanto do capitalismo, que a despeito dos novos papéis solicitados dos atores sociais, manteve o sistema de dominação/exploração do homem sobre a mulher e do capital sobre o trabalho.
ASSUNTO(S)
ciencias humanas estudos de gênero o cruzeiro magazine. brasil 1940-1950 decades o cruzeiro (revista) simbiose capitalismo-patriarcado advertisements meios de comunicação de massa patriarchy-capitalism symbiosis brasil décadas de 1940 e 1950 mass comunication genre studies publicidade em revistas
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1626Documentos Relacionados
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