O fitoplâncton da Baía de Guanabara, Brasil: I. histórico da biodiversidade local

AUTOR(ES)
FONTE

Biota Neotropica

DATA DE PUBLICAÇÃO

2010-06

RESUMO

Este é o histórico dos estudos sobre a biodiversidade do fitoplâncton da Baía da Guanabara, Brasil, com base em 57 publicações relativas a amostras coletadas no período entre 1913 e 2004. Estão aqui incluídas apenas as investigações que identificaram espécies por microscopia. Apesar de 80% dos estudos serem de cunho ecológico, os quais tendem a citar apenas as espécies mais abundantes, 24 publicações incluem listas completas dos táxons identificados em nível específico, especialmente daqueles > 20 μm. Atualmente, o inventário de espécies inclui 308 táxons dentre 199 diatomáceas, 90 dinoflagelados, 9 cianobactérias, 5 euglenofíceas, 1 clorofícea, 1 prasinofícea, 1 silicoflagelado e 2 ebriideos. As duas espécies que mais se destacaram foram o dinoflagelado Scrippsiella trochoidea e diatomáceas do complexo Skeletonema costatum. A primeira foi o tema de publicação pioneira sobre o fitoplâncton da Baía (Faria 1914), que relatou sua floração associada à mortandade de peixes, e continua sendo detectada em altas concentrações (10(6) cell.L-1) em áreas mais protegidas. A segunda foi considerada por muitos anos na literatura como uma espécie cosmopolita e oportunista, até a descoberta recente de espécies crípticas dentro do gênero, indicando que as populações da Baía da Guanabara requerem revisão taxonômica. Além destas duas espécies, apenas 25 apresentaram alta freqüência de ocorrência e ampla distribuição, algumas relatadas como causadoras de florações nocivas em outros locais. A biodiversidade de dinoflagelados, especialmente dentre os Gymnodiniales, assim como a de outros grupos de flagelados ainda não identificados (Haptophyceae, Cryptophyceae, Prasinophyceae, Raphidophyceae), está subestimada devido ao uso de fixadores que destorcem ou destroem caracteres diagnósticos. Se considerarmos o inventário de espécies mais antigo, uma lista de 124 táxons publicada em 1917, e o incremento no número de espécies desde então, é possível ter a falsa impressão de que a biodiversidade do fitoplâncton da Baía de Guanabara aumentou apesar da crescente eutrofização local. Há dois motivos possíveis: 1) trata-se apenas do reflexo do aprimoramento da capacidade técnica de detectar e identificar as espécies e 2) os efeitos potenciais da eutrofização podem ser melhor percebidos através da análise da estrutura da comunidade, ou seja, quando as tendências espaciais e temporais na abundância das populações (e não apenas no número de espécies) são levadas em consideração.

ASSUNTO(S)

microalgas marinhas diatomáceas dinoflagelados cianobactérias florações algais

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