O estudo da função sexual e gonadal nas adolescentes com epilepsia / Evaluation of sexual and gonadal function in female adolescents with epilepsy

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Em mulheres com epilepsia, sabe-se que a síndrome epiléptica, a freqüência de crises e as drogas antiepilépticas podem ter influência na função sexual, comportamento sexual e na capacidade reprodutora. Muitos fatores têm sido relacionados a estas alterações, tais como: duração e gravidade da epilepsia, tipo de droga antiepiléptica e localização da lesão epileptogênica. Baseado no conhecimento adquirido com as mulheres assume-se que as adolescentes sofram influência semelhante. Este estudo teve como objetivo avaliar aspectos relacionados à função e ao comportamento sexual, à educação sexual e à função gonadal em adolescentes do sexo feminino com epilepsia. Para isso, foram estudadas prospectivamente 35 pacientes do sexo feminino, com epilepsia parcial e generalizada, com idades entre 10 a 20 anos, com epilepsia ativa, sendo o diagnóstico da síndrome epiléptica realizado segundo os critérios da Liga Internacional Contra a Epilepsia (1989). Os critérios de exclusão foram: ausência de menarca; uso de contraceptivo hormonal ou dispositivo intra-uterino, no momento da avaliação ou nos últimos três meses; antecedente de cirurgia ginecológica ou distúrbio endocrinológico; presença de doença crônica associada, ou deficiência mental moderada a grave que impossibilitassem o seguimento do protocolo a ser instituído. As informações sobre a função sexual, comportamento sexual e a educação sexual das adolescentes com epilepsia foram avaliadas através de um questionário padrão. O protocolo de estudo da função gonadal incluiu a análise dos seguintes critérios: ciclo menstrual regular, presença de dismenorréia, dosagem dos níveis hormonais (FSH, LH, estradiol, progesterona, prolactina, testosterona, T3, T4 livre, TSH), ultra-sonografia pélvica, gestação em curso ou recente. A função gonadal foi considerada normal se pelo menos um ou mais parâmetros acima foi adequado. Não foi observada diferença entre a idade da primeira relação sexual (p=0,54), atividade sexual (p=0,23), libido (p=1,00) e orgasmo (p=0,23) entre as adolescentes com epilepsia, em relação ao grupo controle. Todas as adolescentes sexualmente ativas relataram o uso de métodos contraceptivos, porém apenas 20,1% com orientação de algum profissional de saúde. A idade da menarca nos dois grupos foi similar. No entanto, o uso de valproato próximo à menarca e crises freqüentes foram fatores antecipadores da menarca. As adolescentes com epilepsia apresentaram uma freqüência de ciclos menstruais irregulares superior à do grupo controle. A irregularidade menstrual relacionou-se com a presença de crises tônico-clônicas generalizadas (p=0,02), sem relação com a síndrome epiléptica. Houve uma tendência a irregularidades menstruais em adolescentes que apresentavam duração da doença mais prolongada (p=0,06), independente da freqüência de crises epilépticas. Observaram-se índices de gravidez superiores entre as adolescentes com epilepsia em comparação às controles (p<.0001). Não houve diferença na freqüência de aborto entre as adolescentes com epilepsia. Neste estudo, as adolescentes com epilepsia apresentaram comportamento e função sexual similares às adolescentes sem doenças crônicas. Embora a função gonadal destas pacientes estivesse preservada, os distúrbios menstruais foram significantes, sugerindo que estas adolescentes possam estar em um processo em evolução com ciclos anovulatórios e disfunção reprodutora na vida adulta. Portanto, os aspectos relacionados à função e comportamento sexual, contracepção e função gonadal, em adolescentes com epilepsia, requerem atenção especial por parte dos profissionais de saúde.

ASSUNTO(S)

epilepsia adolescente adolescent epilepsy sexuality/physiology sexualidade/fisiologia fertility fertilidade

Documentos Relacionados