O Estado-de-golpe : uma analise do estado boliviano sob o periodo de maior instabilidade e crise politica (1978-1982)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Esta dissertação discute o funcionamento do Estado boliviano no período 1978-1982, tendo como objeto de análise a relação do Estado com as classes dominantes. Num primeiro momento, procura-se entender, de um lado, as razões que levaram o Estado boliviano a funcionar como um Estado burguês relativamente mais modernizado ? apesar de seu alto índice de atraso e dependência -; e de outro, pretende-se determinar as principais características, bem como a performance desse Estado ao longo do regime militar de Banzer (1971-1978). Em seguida, faz-se uma caracterização do Estado boliviano sob os governos efêmeros instaurados no período em questão, buscando determinar as principais contradições e crises do Estado; sendo essas últimas agravadas pelas lutas entre frações dominantes com o fim de controlar o aparelho estatal através do golpe de Estado e impor, dessa maneira, a política estatal determinada pela prática da maximização do lucro no curto prazo ? esse fator tornou-se um dos elementos importantes de instabilidade política do período, marcado pelos golpes e contra-golpes de Estado. A dissertação utiliza como conceito-chave o ?conceito de Estado capitalista? proposto por Nicos Poulantzas em Poder Político e Classes Sociais. Tal conceito, que está imbricado com um elenco de conceitos correlatos, permite determinar, entre outros fatores, tanto o funcionamento complexo do Estado como a relação entre o aparelho estatal, as classes e frações dominantes (bloco no poder) e as classes dominadas, no período em consideração. Neste estudo, contesta-se a tese largamente difundida no âmbito acadêmico boliviano segundo a qual o Estado boliviano formado em 1952 teria entrado num processo de ?queda gradativa? entre 1978 e 1982; em 1985 ele teria caído definitivamente, erguendo-se um novo Estado mais democrático e modernizado. A tese defendida nesta dissertação é a de que o Estado de 1952 não entrou em queda no período pós-78 (nem caiu em 1985). O que caiu foi o regime militar e seu correspondente Estado militar, cujo colapso foi provocado por um conjunto de fatores e contradições internas (fatores principais) e por causa das lutas das massas populares (fator determinante)

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