O Espongilito de Três Lagoas, MS: registro e caracterização com ênfase em micropaleontologia
AUTOR(ES)
José Luiz Lorenz Silva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2004
RESUMO
O presente estudo é centrado na abordagem micropaleontológica de um espongilito, litofácie pelítica de uma laje consolidada de um depósito lacustre situado no Município de Três Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. A região sob estudo (Alto Paraná) é caracterizada por terraços fluviais escalonados cujo substrato litológico são os Basaltos Serra Geral e os Arenitos Bauru, esses apontados como a fonte da sílica acumulada no espongilito. De várias trincheiras escavadas nas imediações da Lagoa do Meio, bem como diretamente do leito dessa, foram retirados blocos da laje consolidada. Amostras de sedimentos foram obtidas por meio da percussão de tubos até 50 cm de profundidade. Uma sondagem rotativa, realizada na margem norte da lagoa, atingiu um nível psefítico aos 10 m de profundidade. Amostras foram submetidas a análises micropaleontológicas, petrográficas, sedimentológicas, geoquímicas e geocronológicas. Na porção pelítica da laje (espongilito) foram identificados entre 15 e 35 cm de profundidade, quatro estratos sub-laminados. De cada um desses, foram analisadas duas lâminas com preparo para petrografia e seis lâminas com preparo para micropaleontologia. Nessas, em 35 campos por lâmina, foram contadas todas as microscleras, gemoscleras e frústulas identificáveis e, para a análise de detalhe, consideradas as espécies cujos remanescentes na rocha computassem mais do que 1 % do respectivo total. Da espongofauna foram identificadas espículas de Metania spinata (Carter, 181) e de Dosilia pydanieli Volkmer-Ribeiro, 1992. Da diatomoflora foram identificadas frústulas de Eunotia papilio (Ehrenberg) Hustedt, Eunotia sudetica O. Muller, Eunotia dydima Hustedt ex Zimmermann, Eunotia diodon Ehrenberg, Pinnularia latevittata Cleve e de Brachysira serians (Brébisson ex Kützing) Round &D. G. Mann. Na composição do espongilito mais de 80 % dos elementos identificáveis são espículas megascleras ou fragmentos destas e o quartzo é o único constituinte minerogênico destacável. O gradiente geoquímico entre amostras da base e do topo do espongilito, registra o decréscimo de voláteis (restrição hídrica) e o aumento da acidez (eutrofização) do meio, durante a formação do depósito. Amostras de uma litofácies arenosa e interdigitada à base do espongilito, foram laminadas para petrografia e datadas por termoluminescência, revelando idade de 37.000 3.000 anos AP. (Pleistoceno tardio); quando o clima foi mais frio do que o atualmente registrado na região. Conhecidos os nichos atuais dos organismos registrados no biólito e considerada a interdigitação antes referida, o meio de vida da cenose produtora dos remanescentes no espongilito foi inferido como inicialmente semi-lótico, raso e de águas ácidas. Esse, após restrito, teria sediado a maior deposição bio-silicosa e sofrido a eutrofização típica das lagoas de turfeira.
ASSUNTO(S)
espongilito micropaleoontologia geologia regional alto paraná
ACESSO AO ARTIGO
http://bdtd.unisinos.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=36Documentos Relacionados
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