O espetáculo semiótico do Cancioneiro da Paraíba: canto, gesto e verbalização

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/04/2012

RESUMO

Este trabalho de pesquisa teve como objetivo principal analisar como as parlendas e cantigas registradas no Cancioneiro da Paraíba (1993), organizado por Idelette Fonseca dos Santos e Maria de Fátima Barbosa de Mesquita Batista, foram ressignificadas em processos de criação musical coletiva. A teoria-base que ancorou o nosso olhar foi a Semiótica Greimasiana, complementada pela Semiótica da Canção, desenvolvida por Luiz Tatit, que por sua vez se fundamenta na tensividade de Zilberberg. Fizemos um traçado desde a semiótica standart até os dias atuais com a Semiótica Tensiva de Zilberberg para, posteriormente, entender como acontecem os níveis de tensão na canção. Dentre os seguidores da Semiótica Greimasiana, ressaltamos o brasileiro Cidmar Teodoro Pais que ampliou o conceito de pancronia, no qual o sistema é considerado em contínua mudança. Dialogamos, ainda, com educadores musicais que utilizam as parlendas e cantigas em processos de musicalização a fim de promover a criação musical e desenvolver a tríade corpo/movimento/fala. A metodologia adotada foi a pesquisação que permitiu a interação entre professor e alunos da disciplina Oficina Básica de Artes I (Música) do curso de graduação em Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Participaram da pesquisa trinta alunos, regularmente matriculados no referido curso, além do professor titular da disciplina e a autora deste trabalho. Aprovado pelo Conselho de Ética da Universidade Estadual da Paraíba, a pesquisação ocorreu durante as sessenta horas/aula no período de 2010.2. Nesse espaço de experimentações sonoras, de criação musical, com sons produzidos pelo corpo e por instrumentos musicais alternativos, construídos pelos alunos e/ou pesquisados na feira central de Campina Grande, associados ao Cancioneiro da Paraíba, realizamos várias produções musicais, desde pequenos improvisos a arranjos elaborados e composições coletivas. Todo o processo foi decidido conjuntamente e avaliado, constantemente, pelos sujeitos envolvidos. Do universo das cento e dezessete cantigas e quarenta e duas parlendas contidas no Cancioneiro da Paraíba (SANTOS; BATISTA, 1993), a escolha para uso em sala de aula foi realizada pelos sujeitos envolvidos na pesquisa alunos, professor titular e professora/pesquisadora que, em contínua interação, fizeram suas escolhas. Tendo concluído a pesquisação, ou seja, a interação com a turma de OBA I (Música), a pesquisadora fez a escolha do corpus para análise, tomando como critério aqueles experimentos mais densos de informação musical, nos quais foram utilizadas três parlendas Hoje é domingo, O carrapixo e Um, dois, e sete cantigas elaboradas e arranjadas em forma de suíte La Condessa e Rica-rica, Camélia e O Cravo e a Rosa, Ci ci, Laranjinha, Alecrim do Campo e Escravos de Jó. Dessa forma, ficou comprovado que o Cancioneiro da Paraíba se refaz a cada ato performático, a cada enunciação e em contextos os mais diversos. Além disso, ficou evidente que as parlendas e cantigas são excelentes recursos para experimentos sonoros de criação coletiva e, através destes, pudemos promover a apreensão de conceitos musicais como pulsação, ostinato, ritmo real. Observamos que a realização da canção não acontece de forma igual e homogênea, mas está submetida a uma constante mudança, não só no texto linguístico, como no gestual e no musical.

ASSUNTO(S)

modelos pancrônicos semiótica da canção letras tensão e significação tension and meaning semiotics of the song pancronical models

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