O espanhol como disciplina escolar no Paraná (1942-1990)

AUTOR(ES)
FONTE

Educ. rev.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2001-12

RESUMO

Análise do processo de consolidação do espanhol como disciplina escolar, no Paraná, entre 1942 - quando o idioma apareceu pela primeira vez no currículo oficial da escola secundária brasileira - e 1990 - quando o idioma se consolidou como componente curricular após passar por períodos distintos com relação à sua presença nos programas escolares das décadas de 1960, 1970 e 1980. Tendo como referenciais as recentes investigações no campo da história das disciplinas e as atuais discussões realizadas no interior da História Cultural sobre como aproximar-se da escola como lugar de cultura, esta investigação estabelece como seus eixos os aspectos legal, teórico e escolar. Para explicar o primeiro, baseia-se principalmente na análise das reformas curriculares, usando fontes orais e escritas. As fontes orais são resultantes do trabalho realizado com o depoimento de professoras e pessoas envolvidas com o ensino de espanhol no período, com o propósito de reconstituir tendências e experiências comuns, num contexto ideológico e sociocultural específico. Como fontes escritas, foram usados os textos de leis, decretos, resoluções e portarias (federais e estaduais), programas curriculares, artigos de jornais, revistas académicas, palestras, livros didáticos de espanhol e orientações pedagógicas, além do depoimento escrito de uma das professoras entrevistadas. Defende-se a hipótese de que o alemão, que sempre esteve nos currículos, fora retirado dos programas oficiais, em 1942, por conta da intensificação do processo de nacionalização promovido pelo governo, que via na língua o principal foco de resistência das comunidades de imigrantes a ela relacionadas. Como o conteúdo privilegiado pelos professores de línguas estrangeiras era composto pela literatura consagrada e noções de "civilização" e, na época, o mercado editorial da Espanha já era grande, o espanhol apre-sentou-se em condições de figurar ao lado do francês e do inglês como disciplina escolar. O espanhol permaneceu no currículo até 1961, quando a indecisão do governo em tornar obrigatório, ou não, o ensino de mais de uma língua na escola secundária provocou a paulatina diminuição da carga horária das línguas estrangeiras, agravada, em 1971, com a criação dos cursos profissionalizantes. Com o processo de redemocratização do país, os professores organizam um amplo movimento pelo retorno da pluralidade de oferta de línguas estrangeiras nas escolas. Esse movimento resultou na criação dos CELEMs (Centros de Línguas Estrangeiras Modernas), no final da década de 80. Para explicar como o aspecto legal se relaciona com o teórico eo escolar, a investigação baseia-se nas mudanças metodológicas apontadas nos programas curriculares e representadas, primeiro, pela substituição dos métodos Tradicional e Direto por métodos Estruturalistas e, depois, pelos embates entre esses métodos e os da Abordagem Comunicativa, que se consolidou no final da década de 80. Além das fontes já citadas, esta etapa da investigação teve como principal foco de análise os livros didáticos de espanhol. Com base no contraponto feito a partir das ideias do Círculo de Bakhtin, as análises mostraram que o componente sistémico e normativo da língua tem sido o eixo em torno do qual se organiza praticamente toda a ação pedagógica no ensino de espanhol como disciplina escolar.

ASSUNTO(S)

história das disciplinas língua estrangeira história cultural ensino de espanhol

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