O envelhecimento pela ótica de residentes em instituições de longa permanência para idosos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/11/2011

RESUMO

A sociedade vive o fenômeno do envelhecimento populacional, e, como consequência, há necessidade de adaptação às profundas mudanças sociais, econômicas e culturais. A responsabilidade pelo idoso é atribuída, fundamentalmente, à família; no entanto, muitas vezes, os familiares se veem impedidos de dar atenção e oferecer os cuidados necessários aos seus idosos, optando pela institucionalização dos mesmos. Este estudo teve como objetivo caracterizar idosos que vivem em quatro Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) das cidades de Juiz de Fora/MG e São Paulo/SP (duas particulares e duas filantrópicas) e descrever suas condições cognitivas e funcionais, como também suas representações sobre o envelhecimento e sua institucionalização. A pesquisa constituiu-se como um estudo exploratório com abordagem quanti-qualitativa. Os dados quantitativos foram obtidos por meio do levantamento e da análise de dados sociodemográficos e de aplicação dos testes: Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) e instrumento de Lawton-Brody. Para obtenção dos dados qualitativos, foi utilizada a entrevista semiestruturada com questões abertas sobre envelhecimento. A amostra foi composta por 130 idosos institucionalizados, de ambos os sexos. Nas ILPIs particulares, a média de idade foi 83,51 (DP= 9,36) anos, sendo a maioria do sexo feminino (76%) e viúvos (66,7%). Nas instituições filantrópicas, a média de idade foi de 75,38 (DP= 8,44), sendo 56,4% do sexo masculino e 43,6% solteiros. Com relação à capacidade cognitiva, os idosos das instituições particulares apresentaram-se menos comprometidos em relação aos das ILPIs filantrópicas. Quanto à capacidade funcional, nas instituições particulares e filantrópicas, o número de idosos independentes foi maior do que o número de dependentes. Os textos resultantes da transcrição integral das entrevistas foram submetidos à Análise de Conteúdo, sendo que o envelhecimento foi percebido tanto de forma positiva quanto como sinônimo de decadência e perdas para as ILPIs. Foi frequente os idosos destacarem poucos aspectos positivos no processo de envelhecimento, mas, ao ressaltarem esses aspectos, disseram ser um processo natural do ciclo de vida do ser humano e que deve ser vivenciado sem amargura. Com relação a envelhecer em ILPIs, os participantes apontaram pontos positivos e negativos, como se sentirem em local seguro, terem companhia de outras pessoas e não ficarem sozinhos em casa; todavia, alguns idosos de instituições filantrópicas relataram querer voltar para sua residência. No que se concerne ao local para envelhecer, 59,23% do total de entrevistados, de ambas as instituições, relataram que a ILPI em que residiam era o melhor local para envelhecer. As instituições ainda são vistas de maneira preconceituosa, mas estas nem sempre são o local onde se abandona e se negligencia a velhice. A partir dos relatos apresentados pelos entrevistados, observou-se que, para o idoso, a percepção de envelhecimento aparece como um processo de constantes perdas, trazendo a sensação de não poder mais viver sua vida de forma plena nem de relacionar-se com o futuro. No entanto, apesar de a velhice estar ainda vinculada às construções das ideias de declínio das funções vitais e de morte, notou-se a importância de não se reduzir o envelhecimento à homogeneização, pois há aqueles que percebem esse processo do envelhecimento de forma natural, como mais uma etapa da vida

ASSUNTO(S)

ilpi percepção envelhecimento ilpi perception ageing psicologia

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