O ensino da Geografia e a questão agrária nas séries iniciais do Ensino fundamental

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Por meio desta pesquisa construímos uma reflexão acerca da educação, principalmente da Educação do Campo, e do ensino da geografia, como instrumentos de transformação social, tendo em vista a emancipação das camadas subalternas. Buscando, portanto, romper com a educação ideológica/reprodutora/domesticadora neoliberal e estabelecer como proposta a construção de uma Educação Libertadora/Emancipatória. Fizemos também, uma reflexão acerca da questão agrária, pois a concentração fundiária é um problema que se iniciou no período colonial e, atualmente, está relacionada com a internacionalização da economia brasileira. Situação que envolve o agronegócio latifundiário exportador de um lado e o campesinato, de outro e desperta diferentes interpretações teóricas acerca dessa questão tanto por parte dos intelectuais como da mídia. Neste debate, se torna indispensável à discussão da luta da classe camponesa pela/na terra em busca de seu processo de recriação contra a territorialização do capital no campo e a sujeição de sua renda ao capital, fruto de um movimento de reprodução desigual e contraditório do capital. Acreditamos na necessidade de construção de uma Educação do Campo para trabalhar as especificidades dos moradores do espaço rural, respeitando seu saber popular e auxiliando na luta contra a territorialização do capital no campo e a sujeição da renda camponesa ao capital. Tendo em vista que os povos do campo sempre estiveram excluídos devido à existência de um modelo socioeconômico que valoriza o agronegócio latifundiário exportador e o espaço urbano como símbolos da modernidade/avanço/progresso. No processo educativo oficial, sempre houve uma educação rural reprodutora/domesticadora que objetiva formar para a submissão, preparando mão-de-obra barata para o capital urbano e para o agronegócio, reproduzindo, assim, as relações sociais vigentes que são, por sua vez, excludentes. Logo, há necessidade de construção de uma Educação Emancipatória dos habitantes da área rural. Num mundo capitalista globalizado se faz necessário entendermos a produção do conhecimento científico geográfico, bem como a produção do espaço geográfico dentro dessa lógica. Neste sentido, é imprescindível pensarmos em uma geografia e um ensino de geografia que possibilite a leitura da realidade de maneira crítica e transformadora, que permita romper com a ideologia neoliberal e o processo globalitário capitalista excludente. Por tanto, defendemos a necessidade de se construir uma geografia escolar fundamentada nos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico e dialético. Concebendo os PCNs como o principal recurso teórico do professor é relevante levantar a discussão teórico-metodológica e ideológica desse documento, principalmente na geografia, a fim de entendermos os avanços e os retrocessos que trouxeram para educação nacional. Tendo em vista que os PCNs se encontram inseridos dentro de uma lógica de mudanças globais motivadas por políticas neoliberais. Para atingir nossos objetivos de auxiliar no processo de construção de uma educação condizente com a realidade do campo, precisamos entender quem são esses sujeitos do campo que estudam no Ensino Fundamental (1 a 4 séries), ou seja, precisamos entender a realidade desses estudantes-camponeses. Desta maneira, vamos conhecer como são as relações socioespaciais destes sujeitos-estudantes por meio de fontes orais e escritas, pensando no tripé trabalho, lazer e escola que fazem parte da vida desses estudantes. Para que assim possamos construir uma educação que entenda os sujeitos do campo e suas especificidades. Vamos conhecer também, alguns trabalhos produzidos por estes alunos em sala de aula que expressam as suas opiniões e a sua realidade. Refletiremos, também, a partir da opinião dos professores das séries/anos iniciais do Ensino Fundamental a respeito da questão agrária, da Educação do Campo e do ensino de geografia, tendo em vista que os professores são peças fundamentais para a construção de um processo educativo transformador. Por isso, necessitam de uma formação que permita ler a realidade para além do discurso neoliberal, compreendendo a realidade dos seus educandos e possibilitando que estes possam adquirir uma consciência crítica que lhes dê autonomia intelectual de observar, analisar, questionar e transformar a realidade.

ASSUNTO(S)

educación emancipadora transformación social cuestión agraria enseñanza de la geografía educación del campo ensino de geografia geografia educação do campo questão agrária educação emancipatória transformação social

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