O enfermeiro como facilitador de processos de educação permanente em saúde: fronteiras e perspectivas da atuação profissional

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/12/2011

RESUMO

O objeto da pesquisa foi a inserção do enfermeiro nos processos educativos que ocorrem na Estratégia de Saúde da Família (ESF), adotada na reorganização da Atenção Primária em Saúde no Brasil. A Educação Permanente em Saúde (EPS) se apresenta como ferramenta de gestão, propiciando análise e reconfiguração dos processos de trabalho em atenção aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Existem diferentes referenciais ordenando as práticas educativas dos enfermeiros responsáveis formais por realizar ações educativas junto às equipes de enfermagem e de agentes comunitários de saúde (ACS). Objetivou-se analisar como os enfermeiros se inserem nos processos educativos que ocorrem na ESF, identificar sua percepção sobre a EPS e as ferramentas utilizadas em sua prática educativa, além de analisar a produção nacional sobre os processos educativas desenvolvidas junto às equipes de enfermagem, a partir do referencial da EPS. Realizou-se revisão de literatura e pesquisa de abordagem qualitativa. Efetuou-se 9 entrevistas semi estruturadas com enfermeiros que atuam na ESF em 5 municípios do interior paulista. Os dados foram interpretados a partir de análise categorial temática resultando em: Saúde da Família significa prevenção, A enfermeira na centralidade da coordenação do trabalho na Saúde da Família: reforçando a divisão no processo de trabalho e na educação, Educar tutelando e/ou tutelar sem educar e A EPS na saúde da família: real ou virtual? Os resultados da revisão mostraram que as ações educativas não se coadunam com a EPS, que os processos educativos são caracterizados por temática técnica contemplando as necessidades dos trabalhadores que, entretanto, também apontam a ausência de respostas aos problemas cotidianos. Os resultados das entrevistas evidenciaram que para as enfermeiras assistir à saúde da família significa realizar atividades educativas na lógica preventivista/programática, ressaltando a importância das visitas domiciliares e do ACS. As enfermeiras se mantêm atreladas à coordenação e organização do trabalho, desconsiderando a auto-suficiência e autogestão de cada profissional e reforçando a divisão social e técnica presente nas equipes. Realizam atividades educativas junto aos trabalhadores, mas não concebem ser sua atribuição e não se consideram aptas para tanto. As ações educativas reproduzem a transmissão vertical de conhecimentos e privilegiam os ACS em detrimento da enfermagem, responsabilizada pela dimensão curativa do cuidado. As enfermeiras desconhecem o conceito de EPS e utilizam ferramentas próprias da educação bancária tradicional, embora ocasionalmente também empreguem, de forma não adequada, ferramentas inerentes à EPS. Conclui-se que a EPS não adquiriu concretude para as enfermeiras no cotidiano da ESF no cenário da investigação, embora exista nuances de atitudes e de juízos coerentes com ela. Considera-se a relevância de investimentos que garantam a continuidade do processo embrionário e evolutivo de efetivação da EPS no SUS e na ESF.

ASSUNTO(S)

política de saúde enfermagem educação do trabalhador sistema Único de saúde (brasil) enfermagem permanent education in health family health strategy nurse saúde coletiva

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