O discurso da diversidade : a definição da diferença a partir da world music / The discourse of diversity : the definition of difference through world music

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/04/2012

RESUMO

A valorização contemporânea da diversidade revela um mundo atento à diferença. De fato, se um dia lutávamos pelo direito de sermos iguais, hoje, paradoxalmente, também clamamos pelo reconhecimento de nossas diferenças. Nesse sentido, vozes que discursam sobre essas diferenças hoje precisam ser ouvidas e ressoam pelo mundo ao habitarem o espaço global. Contudo, de que diferenças estamos falando? A permanência de nosso olhar no seio das relações sociais muitas vezes impede que notemos que, na verdade, as diferenças são construídas social e historicamente. Não basta que as coisas se diferenciem, mas é preciso um contexto no qual seja possível a seleção de índices suficientes de diferenciação para que essas sejam classificadas e, por consequência, hierarquizadas. Dessa forma, duas coisas se diferenciam apenas quando índices específicos são legitimados e, então, discursados. Por isso, a diferença é necessariamente uma construção discursiva que se realiza pelas próprias práticas discursivas, mas que somente podem surgir em relação a determinadas realidades concretas. No século XIX a diferença fora construída a partir da organização do exótico. É em relação a ele, em um momento no qual o discurso universal e a nação criavam a separação entre internalidades e externalidades centradas no imperialismo europeu, que a diferença fora articulada. Na contemporaneidade, contudo, o mundo perde seu centro e as relações entre externo e interno não mais podem organizar um discurso, sendo esse percebido na diversidade. O discurso da diversidade, portanto, surge na contemporaneidade como forma de ordenar o diferente a partir de bases concretas na sociedade, mas também por interrelações entre enunciados específicos. Podemos notar a operação desse discurso ao voltarmos nossos olhos para um objeto específico: World Music. Nele, a música é valorizada pela própria diferença, sendo então necessário se compreender quais os índices tornados suficientes para a diferenciação. Propomos que neste objeto os índices privilegiados são o local e a etnia. Com essa mirada, então, mais importam as forças relacionadas à determinação dos índices do que a tentativa de se perceber um mundo mais ou menos homogêneo. É dessa forma que poderemos compreender as implicações sociais e o condicionamento das vozes presentes no discurso da diversidade.

ASSUNTO(S)

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