O dia mais feliz da minha vida: a entrada na universidade segundo os alunos recém-ingressos no curso de Pedagogia da UFRN(2004.1)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O presente trabalho objetivou, seguindo os pressupostos metodológicos da Análise Compreensiva do Discurso, compreender o momento de entrada na universidade a partir das falas de doze estudantes recém-ingressos no curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Objetivou, ainda, analisar a relação entre a escola de origem e a entrada na universidade e a relação entre a universidade e o novo aluno universitário. Na primeira parte do trabalho, a escuta compreensiva das falas dos alunos conduziu à distinção dos alunos entre a escola pública e a escola privada, distinção esta baseada, principalmente, numa visão de superioridade da escola privada em relação à escola pública. Tal interpretação insere-se na discussão da dualidade estrutural da educação brasileira, que, historicamente, oferece aparatos pedagógicos diferentes entre os alunos de classes mais privilegiadas e os alunos oriundos de classes populares. A superação desta dualidade, aspirada pela Constituição Brasileira de 1988, esbarrou no advento de um novo modelo econômico o neoliberalismo, que aprofundou as diferenças entre o público e o privado, através da priorização do mercado nas relações econômicas, políticas e sociais, incluindo, desta forma, os projetos educacionais. O sucateamento da escola pública e a precarização do trabalho docente afetaram também a relação entre professores e alunos nesta instituição. Assim, o professor passa a ser considerado o grande vilão do sistema público. No entanto, todas estas referências às diferenças da qualidade de ensino entre a escola pública e a escola privada feitas pelos estudantes entrevistados centraram-se no preparo para o vestibular, externando uma visão de que a relação do estudante com a escola de origem reduz-se a uma relação propedêutica e, ainda assim, reduzida ao preparo para o vestibular, e não para a entrada na universidade. Na segunda parte do trabalho, observou-se que, para os alunos, a universidade representa um mundo novo. Esse mundo oportuniza a mudança no estatuto social do estudante, visto que o aluno passa a ser tratado como adulto, é mais cobrado e respeitado socialmente.Essa mudança de atitude por parte da sociedade e a descoberta de um mundo novo que exige mais independência dos alunos geram sentimentos de orgulho e medo nesses alunos, que se sentem inseguros nas tomadas de decisão na universidade, visto que agora suas decisões acarretam numa maior carga de responsabilidade. Sendo assim, os alunos compreendem que precisam desenvolver autonomia, entendida como uma capacidade de tomar decisões conscientes. No entanto, os alunos expressaram uma compreensão de autonomia enquanto dom natural de quem ingressa na universidade, e não enquanto processo que se desenvolve a partir de experiências sociais. A necessidade de ser autônomo, para esses estudantes, refere-se ao relacionamento com os professores e à busca de informações. Essa última, entretanto, também está relacionada, de acordo com as entrevistas, às reduções de financiamento da educação pública que penalizam universidade

ASSUNTO(S)

duality entrada na universidade entrance in university public school escola pública escola privada neoliberalism autonomy neoliberalismo autonomia educacao private school dualidade

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