O cotidiano da produção de cuidados em saúde mental e a produção de prazer: uma cartografia / The routine of everyday work in mental health care giving and the production of pleasure: cartography

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/06/2011

RESUMO

A pesquisa ocorreu no CAPS Perdizes, Centro de Atenção Psicossocial, localizado na cidade de São Paulo. Seu objetivo foi cartografar os possíveis territórios da produção de prazer no cotidiano da produção de cuidados em saúde mental, relacionados aos trabalhadores da equipe ampliada. O método da cartografia possibilitou a produção de dados, sob quatro modalidades: observação participante panorâmica, observação participante concentrada, entrevista individual com trabalhadores da equipe interdisciplinar e realização de grupo, para que os profissionais elaborassem o fluxograma analisador do processo de trabalho. Os referenciais teóricos utilizados foram: o campo psicossocial, a pós-modernidade e a cartografia. A discussão ocorreu sob a visualização de três territórios intercomunicantes: 1) o território do nomadismo da lógica do cuidado; 2) o território da confiança na equipe: o vibrar em comum, os agenciamentos e 3) o território do movimento: concretudes e sutilezas (e...e...e). Percebeu-se a existência de pulsações que percorrem tais territórios: as pulsações dos afetos e as pulsações dos des(enraizamentos). O mapa, como sistema acêntrico, diferente do decalque, teve múltiplas entradas e saídas, nas quais o prazer - satisfação e expressões semelhantes - puderam aparecer de forma marcante nas narrativas dos trabalhadores. Nestes territórios, a produção de subjetividades, como força central da produção de cuidados, é linha molar, uma verdadeira lei que impera no entre sujeitos, possibilitando o concreto da atenção psicossocial no cotidiano. É também linha molecular, que se desmancha e recompõe-se por meio de afetos mais ou menos desordenados, agenciamentos dos mais inusitados e focos de inventividade. Por fim, a produção de subjetividades transita por fluxos, escapando às linhas e ganhando característica libertária, para produzir vida. A intensidade que percorre os sujeitos é da ordem do prazer e da satisfação. Mas também do desconforto e do cansaço em tentar experimentar múltiplas vias, em interrogar e se deixar interrogar pelo coletivo, durante a produção de cuidados em saúde mental. Pertencer e estar implicado traz as intensidades conjugadas. O eixo combustãoalegria aparece muitas vezes, nas narrativas e nos gestos dos trabalhadores, principalmente associado ao uso da tecnologia leve, relacional. A unidade e unicidade evidenciaram-se no coletivo, como dimensões do cotidiano. Ora porque os trabalhadores mostram a consistência com que optam pela unidade do agir antimanicomial, ora porque se remetem à força de amparo e suporte que o coletivo representa, com sua natural unicidade (heterodoxia) de sujeitos e ações. Coletivo que sustenta um permanente, tenso e prazeroso lugar de negociações. A lógica do pensamento pós-moderno, de deslizamento da noção de identidade (sujeito) para a de identificação (atratitividade entre sujeitos) legitima a materialização do prazer como afeto, sensação ou dimensão, já que ele acontece, primordialmente, entre sujeitos!

ASSUNTO(S)

mental health. cartography. postmodernity. psychosocial rehabilitation. pleasure. saúde mental. cartografia. pós-modernidade. reabilitação psicossocial. prazer.

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